postado em 06/03/2017 06:01
Donald Trump vai pedir ao Congresso que investigue as supostas escutas de seus telefones durante a corrida eleitoral. A solicitação foi divulgada ontem pela Casa Branca, um dia depois de o presidente ter alegado que o antecessor, o democrata Barack Obama, ordenou o grampo nos telefones da sede de campanha do republicano, na Trump Tower, a poucos dias da eleição de novembro passado. A acusação, feita por Trump em sua conta oficial no Twitter, não foi acompanhada de indícios e foi desmentida prontamente por um porta-voz do ex-presidente.
Foi o secretário de Imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, quem emitiu o comunicado no qual anuncia que o presidente pedirá a investigação sobre a suposta espionagem às comissões do Congresso que examinam as suspeitas de interferência da Rússia na sucessão presidencial dos EUA. Spicer cita ;relatórios; não especificados que chegaram à Presidência, mencionando ;investigações politicamente motivadas; conduzidas pelo governo democrata em fim de mandato. O porta-voz classificou como ;muito preocupante; o teor dos documentos, mas adiantou que a Casa Branca só voltará a se pronunciar sobre o assunto depois que for examinado pelos congressistas.
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O republicano Devin Nunes, presidente da Comissão de Inteligência da Câmara dos Deputados, afirmou ontem que o painel vai averiguar a denúncia. Em comunicado, ele ressaltou que a investigação abrange ;a resposta do governo dos EUA às ações de agentes de inteligência russos durante a campanha presidencial; de 2016. Nunes acrescentou que ;a comissão fará pesquisas que respondam se o governo (Obama) espionou as atividades de dirigentes de campanha de todos os partidos políticos;.
Turbulência
Trump passou o fim de semana em sua propriedade em um condomínio de luxo em Palm Beach, na Flórida. Lá, como em outras cidades, simpatizantes fizeram manifestações de apoio ao presidente, nas quais denunciaram a ;caça às bruxas; promovida pela oposição democrata em torno da suposta ;conexão russa; da campanha republicana. A revelação de encontros reservados com emissários do Kremlin já derrubou o conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn, e colocou em dificuldades o secretário de Justiça, Jeff Sessions.
A tuitada em que o presidente acusou o antecessor pegou de surpresa alguns dos mais destacados congressistas republicanos ouvidos nos programas de entrevistas que as tevês americanas exibem aos domingos. O senador Marco Rubio, que foi pré-candidato à Casa Branca e integra o Comitê de Inteligência, admitiu que desconhece ;qualquer evidência; que sustente a denúncia contra Obama. ;Imagino que o presidente e a Casa Branca explicarão melhor, nos próximos dias, o que há por trás da acusação.;
Pelo lado da oposição, o tom foi de solidariedade irrestrita a Obama e cobranças a Trump. A líder da minoria na Câmara, Nancy Pelosi, apontou uma armadilha do presidente: ;Você diz algo, a imprensa escreve a respeito e você diz que ;todo mundo está falando;. É o método dos autoritários;. O líder do partido no Senado, Chuck Schumer, lembrou que o diretor de Inteligência do governo Obama, James Clapper, negou categoricamente a existência de qualquer ordem judicial para escuta. ;Se as acusações (de Trump) se provarem falsas, isso comprova que ele não sabe se conduzir no cargo. Caso contrário, é ainda pior, pois significa que as autoridades federais viram base legal para ordenar a escuta;, raciocinou. ;Em ambos os casos, o presidente está em problemas.;