Agência France-Presse
postado em 06/03/2017 20:54
O Peru chamou nesta segunda-feira para consultas seu embaixador em Caracas, após ofensas proferidas contra o presidente Pedro Pablo Kuczynski pela chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, e pelo próprio presidente Nicolás Maduro.
Em uma nota diplomática, o Peru expressa "seu mais enérgico protesto e absoluta rejeição às expressões insolentes formuladas pelo presidente da República e a ministra das Relações Exteriores da Venezuela sobre o presidente do Peru", e informa que decidiu "chamar para consultas" seu embaixador na Venezuela.
Rodríguez chamou Kuczynski de "cachorro simpático" após o presidente do Peru realizar comentários sobre a América Latina que a Venezuela considerou ofensivos.
"Se atreveu a agredir a identidade latino-americana e digo aqui que o único cachorro simpático que há é ele", declarou Rodríguez em um seminário realizado nesta segunda-feira, em Caracas.
O presidente peruano afirmou no dia 25 de fevereiro, na Universidade de Princeton (Nova Jersey), que os Estados Unidos "não investem muito tempo na América Latina, pois (a região) é como um cachorro simpático que está dormindo no tapete; mas no caso da Venezuela há um grande problema".
Na sexta-feira passada, Nicolás Maduro pediu a Kuczynski que se retratasse por estas "declarações ofensivas para a identidade e o sentimento latino-americano e caribenho".
Rodríguez declarou nesta segunda-feira que além de Kuczynski há "um outro cachorro que já passou a ser do Império (EUA) e está na OEA", em referência ao secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro.
"São os únicos que, simpaticamente, balançam o rabo para seus donos imperialistas".
Almagro promove a aplicação da carta democrática interamericana na Venezuela, mecanismo que faculta à OEA intervir em caso de grave alteração constitucional e, em última instância, suspender o país envolvido.
O chanceler do Peru, Ricardo Luna, já havia lamentado e rejeitado "as declarações da chanceler da Venezuela, que são insolentes e inaceitáveis".
Segundo Luna, Kuczynski utilizou apenas uma "expressão metafórica" que pode ter sido entendida como uma ofensa.