Agência France-Presse
postado em 07/03/2017 08:03
As forças iraquianas assumiram o controle da sede do governo provincial e de uma segunda ponte e Mossul, provocando o recuo dos extremistas do grupo Estado Islâmico (EI), anunciou nesta terça-feira (7/3) o comando conjunto das operações.
A Polícia Federal e as Forças de Intervenção Rápida (FIR) "liberaram o edifício do governo da província de Nínive e controlam uma segunda ponte (a ponte Al-Hurriyah)", afirma um comunicado do comando conjunto militar, que coordena os combates ao EI no Iraque.
Um comandante da Polícia Federal, o general Raed Shakir Jawdat, afirmou que as forças de segurança executaram um ataque surpresa "e liberaram o complexo do governo provincial, assim como a sede central da polícia".
Também anunciou a reconquista do prédio do Banco Central e do Museu Arqueológico, que os jihadistas atacaram em 2015, quando destruíram estátuas antigas e tesouros pré-islâmicos.
O EI divulgou os saques em um vídeo que provocou indignação internacional. Na época, analistas compararam o ataque à destruição dos Budas de Bamiyan pelos talibãs no Afeganistão em 2001.
Último reduto no Iraque
As tropas do Iraque iniciaram em 19 de fevereiro uma grande ofensiva para reconquistar a zona oeste de Mossul, último reduto do EI no Iraque, mas o tempo ruim provocou uma interrupção do avanço por alguns dias.
No fim de janeiro, os soldados reconquistaram a zona leste de Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, na região norte do país.
Mossul, a capital de Nínive, é dividida pelo rio Tigre. As cinco pontes que ligam as duas partes da cidade haviam sido danificadas ou destruídas.
As duas pontes retomadas pelas forças iraquianas devem facilitar, após reparos, o transporte de tropas e armas da zona leste para a oeste.
Instrutores americanos e britânicos estão treinando soldados iraquianos para a construção de pontes flutuantes com o mesmo objetivo.
Os combates na zona oeste de Mossul provocaram a fuga de mais 50.000 pessoas, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
A maior parte dos 750.000 habitantes do oeste de Mossul, área que sofre com a escassez de alimentos e medicamentos, permanece, no entanto, em suas casas.
Em junho de 2014, após uma ofensiva relâmpago, o EI assumiu o controle de amplas faixas do território ao norte e ao oeste de Bagdá.
Mas desde março de 2015, com a liberação da cidade de Tikrit, e ao longo de 2016 o Estado Islâmico perdeu quase todos os territórios que controlava.
EI recua na Síria
Na Síria, o grupo jihadista também recua e seu principal reduto, a cidade de Raqa, está ameaçado.
Na região norte deste país em guerra há sete anos, o EI enfrenta duas ofensivas: a das forças do governo, apoiadas pela Rússia, e a de uma aliança apoiada pelos Estados Unidos.
Esta última, as Forças Democráticas Sírias (FDS), está a poucos quilômetros de Raqa, a "capital" de fato do Estado Islâmico.
Os comandantes do Estado-Maior das Forças Armadas da Turquia, Estados Unidos e Rússia estão reunidos nesta terça-feira no sul do território turco para abordar a situação na Síria e no Iraque.
Turquia, Rússia e Estados Unidos têm objetivos diferentes na Síria, mas os três países lutam contra o EI.
A reunião trilateral acontece depois que o primeiro-ministro turco Binali Yildirim afirmou que seu país não poderia iniciar uma operação para reconquistar Manbij, norte da Síria, "sem uma coordenação com Rússia e Estados Unidos".
Manbij, sob controle das FDS, uma coalizão de curdos e árabes sírios apoiada por Washington, é alvo da Turquia, que deseja expulsar as Unidades de Proteção Popular (YPG), milícia curda que considera "terrorista".