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Grupo é julgado na Alemanha por 'terrorismo' contra refugiados

O longo julgamento é realizado em uma sala especialmente habilitada na periferia da capital da região, com suas próprias celas de prisão, em um imóvel inicialmente previsto para acolher refugiados

Agência France-Presse
postado em 07/03/2017 11:19
Oito membros de um grupo alemão de extrema-direita classificado de "terrorista" compareceram nesta terça-feira (7/3) ante a justiça por uma série de ataques cometidos em 2015 contra refugiados e adversários políticos.

Sete homens de 19 a 39 anos e uma mulher de 28 serão julgados ao menos até setembro em Dresden (leste) por "empresa terrorista", "tentativa de assassinato" e "ferimentos corporais", entre outras acusações.
A ata de acusação, lida na manhã desta terça-feira, atribui a eles cinco ataques com explosivos entre julho e novembro de 2015 em Freital, nos subúrbios de Dresden, contra abrigos de demandantes de asilo e representantes da esquerda local. Estes ataques deixaram dois feridos.

O longo julgamento é realizado em uma sala especialmente habilitada na periferia da capital da região, com suas próprias celas de prisão, em um imóvel inicialmente previsto para acolher refugiados.

A audiência está cercada de enormes medidas de segurança em um estado onde nasceu o movimento islamofóbico Pegida, convertido em símbolo da animosidade em relação aos migrantes.

O caso começou em meados de 2015, quando em Freital foram realizadas grandes manifestações que insultavam os "criminosos estrangeiros" e os "porcos solicitantes de asilo", tudo isso fazendo a saudação de Hitler.

Segundo o Ministério Público, os acusados buscaram uma "grande quantidade de explosivos" na República Tcheca para atacar os abrigos de refugiados, assim como "as casas, escritórios e veículos" de seus adversários políticos.

A acusação atribui a eles um primeiro ataque contra o carro do líder local do partido de esquerda radical Die Linke na madrugada de 28 de julho de 2015, que não deixou feridos.

Na madrugada de 20 de setembro, no momento de maior fluxo de solicitantes de asilo, aos quais a chanceler Angela Merkel havia acabado de abrir as portas, os membros do grupo teriam lançado uma carga explosiva pela janela da cozinha de um centro de refugiados.

Na noite seguinte, segundo o Ministério Público, lançaram tijolos e artefatos artesanais com ácido contra casas em construção, ferindo uma pessoa.

Além disso, na noite de 31 de outubro três cargas explodiram nas janelas de um centro de refugiados. Apenas um morador ficou ferido, com vários cortes no rosto.

Os acusados, envolvidos em diversos graus, podem ser condenados à prisão perpétua se for reconhecida a "tentativa de assassinato" e a uma pena de dez anos pela acusação de "empresa terrorista".

A Alemanha registrou no ano passado 3.500 ataques contra refugiados e solicitantes de asilo, uma média de dez por dia. Um total de 560 pessoas ficaram feridas, incluindo 43 crianças, segundo o ministério do Interior.

Apenas no Estado-região da Saxônia, que representa 5% da população alemã, a associação RAA de ajuda às vítimas denunciou no ano passado 437 agressões racistas, contra 477 no ano anterior.

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