Agência France-Presse
postado em 10/03/2017 13:10
As forças especiais iraquianas avançaram ainda mais nesta sexta-feira na zona oeste de Mossul, onde a resistência grupo extremista Estado Islâmico (EI) mostra sinais de enfraquecimento face aos ataques reiterados desde o início da operação para expulsá-lo de seu último grande reduto do Iraque.
As forças de combate ao terrorismo (CTS) atacaram nas primeiras horas desta sexta-feira o bairro de Al-Amil al-Oula, onde os combates prosseguem contra os extremistas islâmicos, informou o general Maan al-Saadi, comandante desta unidade de elite.
"O inimigo lutou ferozmente na primeira linha de defesa", indicou em referência aos primeiros bairros recuperados pelas forças iraquianas desde o lançamento, em 19 de fevereiro, de sua ofensiva para recuperar a zona oeste de Mossul.
Mas o EI "perdeu muitos combatentes (...) de sua capacidade de combate, e o inimigo começa a afundar", estimou o general Saadi.
Os extremistas enviaram nesta sexta carros-bomba - técnica para retardar a progressão das forças iraquianas -, "mas não tantos quanto enviaram no início da batalha", acrescentou.
Outro sinal, seu líder Abu Bakr al-Baghdadi "provavelmente deixou Mossul, antes que Mossul e Tal Afar sejam isoladas pelas forças iraquianas", declarou uma autoridade americana.
Mais de 215 mil deslocados
"Ele provavelmente deu amplas orientações estratégicas" para seus comandantes no local, deixando-os conduzir o combate, acrescentou o funcionário em Washington.
O líder do EI proclamou em junho de 2014 a partir de uma mesquita em Mosdul um "califado" sobre os territórios conquistados por seu grupo entre o Iraque e a Síria. Em novembro passado, chamou os jihadistas a resistir à ofensiva lançada em Mossul em 17 de outubro pelo exército iraquiano.
"Mantenham suas posições na honra é mil vezes mais fácil do que recuar a cair em vergonha", lançou.
A batalha por Mossul, cuja zona leste foi retomada pelas forças iraquianas no final de janeiro, deslocou mais de 215.000 pessoas, segundo a Organização Internacional para as Migrações.
Entre as centenas de milhares de civis ainda na zona oeste de Mossul, apenas cerca de 50.000 conseguiram fugir e se estabelecer em campos de deslocados, segundo a OIM.
Em Mossul, "éramos usados como escudos humanos" pelo EI, explicou Abdel Razak Ahmed, de 25 anos. "A vida era difícil, passávamos fome, e só comíamos pão e tahine" (pasta de gergelim), relata outro deslocados.
Na vizinha Síria, os extremistas também estão em posição enfraquecida frente a três forças rivais: as tropas turcas e seus aliados rebeldes sírios; as forças do governo sírio apoiadas pela Rússia; e uma aliança entre árabes e curdos apoiada pelos Estados Unidos em torno de seu reduto de Raqa.
Bombardeados por todas as partes
No leste da província de Aleppo, os ataques russos e do exército sírio continuavam nesta sexta-feira contra posições do EI, que tem perdido cada vez mais terreno, indicou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
Os ataques são direcionados principalmente contra o aeroporto militar de Al-Jarrah, que o regime tenta reconquistar, segundo o Observatório, acrescentando que 26 extremistas foram mortos nos ataques aéreos nas últimas 24 horas.
Nesta sexta-feira, o presidente russo Vladimir Putin recebe seu colega turco, Recep Tayyip Erdogan, para discutir os esforços conjuntos para acabar com seis anos de uma guerra devastadora que já matou mais de 310.000 pessoas e que fez milhões de refugiados.
Um membro do Estado-Maior russo, citado pela agência de notícias RIA-Novosti, disse que a Rússia havia realizado em uma semana 452 ataques contra o EI na província de Aleppo, matando mais de 600 extremistas.
Por sua vez, Washington planeja enviar 400 soldados americanos, que se juntarão aos 500 já presentes no norte da Síria, para apoiar as Forças Democráticas Sírias (FDS) contra Raqa.
Esta situação desagrada a Turquia, um aliado-chave dos Estados Unidos, mas que se opõe à retomada do principal reduto sírio do EI pelas FDS, consideradas por Ancara como uma facção das milícias curdas YPG.
"Tentamos agir para evitar" um confronto entre dois aliados da coalizão, declarou o general Joseph Votel em uma audiência no Comitê do Senado das Forças Armadas.
A diplomacia americana anunciou que organizará em 22 de março uma reunião em Washington com os 68 países da coalizão que dirige contra o EI para "acelerar os esforços internacionais para derrotar" os jihadistas no Iraque e na Síria.