Agência France-Presse
postado em 12/03/2017 10:42
Seul, Coreia do Sul - A presidente sul-coreana, Park Geun-Hye, deixou o palácio presidencial neste domingo, dois dias após ser destituída pela Corte Constitucional, abrindo uma nova página na história do país. Park deixou a Casa Azul às 10h00 GMT (7h00 de Brasília) e foi para a sua residência particular, localizada no sul de Seul, onde centenas de simpatizantes se reuniram para protestar contra a decisão da Corte Constitucional, de acordo com a agência de notícias Yonhap.
Imagens transmitidas ao vivo pela televisão sul-coreana mostraram uma limusine preta deixando a Casa Azul, o palácio presidencial, escoltada por dezenas de policiais em motocicletas. Recebida por centenas de partidários em frente a sua casa, Park apresentou suas desculpas neste domingo. "Quero apresentar minhas desculpas por ter fracassado em concluir o meu mandato", afirmou Park, citada pela Yonhap. "Acredito que a verdade virá um dia, mesmo que demore".
Cerca de 800 policiais também foram mobilizados para prevenir atos de violência nos arredores, após protestos de partidários e opositores da presidente deixaram três mortos em confrontos com as forças de segurança nos últimos dias.
[SAIBAMAIS]A Corte Constitucional confirmou na sexta-feira a destituição de Park, votada em dezembro pela Assembleia Nacional, efetivando a sua saída do poder. Os juízes estimaram que Park infringiu a lei ao permitir que sua amiga e confidente Choi Soon-Sil se intrometesse nos assuntos de Estado e violou as regras do serviço público.
Primeira presidente democraticamente eleita a ser destituída, Park preferiu se manter reclusa na Casa Azul e não se pronunciou após a decisão da Corte.
União
A confirmação da sua destituição a priva de todos os seus poderes e privilégios, exceto em termos de segurança. A perda de sua imunidade política também a expõe a possíveis ações legais. Uma nova eleição presidencial deve ser organizada no prazo de 60 dias, a contar da decisão da Corte Constitucional. A imprensa local aponta para 9 de maio como a data mais provável para a votação.
No início do dia, Moon Jae-In, apontado como favorito para suceder a presidente deposta, apelou para a união para fazer seu país entrar em uma "nova história". Moon, ex-líder do Partido Democrata, partido da oposição, é o grande favorito nas pesquisas, com o apoio de 36% dos eleitores nas últimas pesquisas.
"Se o poder de velas nos levou até aqui, agora temos de trabalhar juntos para completar a vitória", declarou Moon durante uma coletiva de imprensa neste domingo, referindo-se às manifestações semanais dos últimos meses, durante às quais os participantes carregando velas pediam o impeachment de Park.
"A Coreia do Sul vai entrar numa nova história através de uma mudança de regime", acrescentou.
Após a votação dos deputados em dezembro, milhões de sul-coreanos saíram às ruas para exigir a saída de Park, que apesar de ter se desculpado várias vezes, sempre negou qualquer irregularidade em seu governo.
Este escândalo assola o país há meses, enquanto a Coreia do Norte multiplica os lançamentos de mísseis e ameaças, causando preocupação na comunidade internacional.