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Últimos extremistas na cidade iraquiana de Mossul estão cercados

Apesar da diminuição da resistência dos extremistas, os oficiais militares iraquianos alertam que batalhas sangrentas ainda estão por vir até a reconquista total da segunda maior cidade do Iraque

Agência France-Presse
postado em 12/03/2017 14:15
Mossul, Iraque - Os últimos extremistas que permanecem na cidade iraquiana de Mossul estão cercados, depois que a Nona Divisão do exército cortou a última via de escape em Badush, no noroeste da cidade, afirmou o enviado dos Estados Unidos para a coalizão internacional de combate aos jihadistas.

"O EI (Estado Islâmico) está cercado. Na noite passada, a Nona Divisão do exército iraquiano cortou a última rota de escape" da segunda maior do Iraque e último reduto dos extremistas no país, declarou Brett McGurk à imprensa em Bagdá. "Os combatentes (extremistas) que estão em Mossul vão morrer na cidade", acrescentou.

Ele ressaltou que a coalizão estava "muito empenhada em não apenas derrotar (o EI) em Mossul, mas garantir que os seus combatentes não possam fugir". As autoridades americanas estimaram recentemente em 2.500 o número de jihadistas presentes na zona oeste de Mossul e na cidade de Tal Afar, mais a oeste. McGurk afirmou que o EI perdeu 60% dos territórios que havia conquistado em 2014 no Iraque.

[SAIBAMAIS]Apesar da diminuição da resistência dos extremistas, os oficiais militares iraquianos alertam que batalhas sangrentas ainda estão por vir até a reconquista total da segunda maior cidade do Iraque. "Estamos lutando contra um inimigo que emprega métodos irregulares, que se esconde entre os cidadãos e utiliza explosivos, franco-atiradores e homens-bomba. Mas a operação visa precisamente salvaguardar a vida dos cidadãos", explicou à AFP o general Yahya Rasool, porta-voz do comando das operações conjuntas.

Esta resistência deve ser particularmente forte na Cidade Velha, bairro histórico com ruas estreitas, onde centenas de milhares de civis ainda estão presos. As unidades de intervenção rápida e policiais federais atacavam neste domingo Bab al-Toub, perto da Cidade Velha, enquanto as CTS combatiam nos bairros al-Jadida e Al-Aghawat.

Estas forças avançam a partir do sul e assumiram vários distritos desde o lançamento, em 19 de fevereiro, da sua grande operação para retomar a zona oeste da cidade.

Avanço difícil
Mas este avanço ainda é trabalhoso. Porque "não podemos permitir bolsões (extremistas) atrás de nós. Então, precisamos assumir o controle de áreas, caçar os jihadistas, desarmar (as bombas), controlar os cidadãos presentes antes de continuar nosso progresso", explica o general Saadi. A ofensiva na zona oeste de Mossul é a segunda grande fase da operação lançada em 17 de outubro pelas forças iraquianas. Ela é apoiada pela coalizão internacional sob comando americano, que anunciou no final de janeiro a "libertação" da zona leste.

Mossul foi conquistada em junho de 2014 pelo grupo ultrarradical sunita durante uma ofensiva relâmpago que lhe permitiu tomar grandes territórios no Iraque. Envolvidos na ofensiva de Mossul, membros das forças paramilitares iraquianas Hashd al-Chaabi, dominadas por milícias xiitas, anunciaram no sábado a descoberta de uma vala comum na prisão de Badush, perto de Mossul.

A vala comum, contendo os corpos de centenas de pessoas executadas pelo EI, é a última de uma série de outras descobertas pelas forças iraquianas nos últimos meses.

Muitos mortos em Damasco
Na vizinha Síria, onde o EI também está perdendo terreno, o bairro histórico de Damasco foi atingido no sábado por um duplo que fez 74 mortos, incluindo 43 peregrinos iraquianos xiitas, 11 civis sírios e 20 combatentes sírios pró-regime. A Frente Fateh al-Sham, ex-facção da rede Al-Qaeda na Síria, reivindicou neste domingo o ataque, um dos mais sangrentos a atingir a capital síria em seis anos de guerra.

"Sábado (...) um duplo atentado foi realizado por dois heróis do Islã (...) no coração da capital Damasco, fazendo dezenas de mortos e feridos", indicou o grupo extremista sunita em um comunicado. O grupo extremista afirmou que o ataque foi "uma mensagem para o Irã e suas milícias", referindo-se em particular ao apoio iraniano e do Hezbollah libanês ao regime de Damasco na guerra que assola a Síria há seis anos.

Três forças estão atualmente envolvidas em combates no norte da Síria, perto do reduto extremista de Raqa: tropas turcas e seus aliados rebeldes sírios; forças do regime apoiadas pela Rússia; e uma aliança árabe-curda apoiada pelos Estados Unidos, as Forças Democráticas da Síria (SDS).

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