Agência France-Presse
postado em 13/03/2017 18:51
O acordo de paz com a guerrilha FARC promoveu um aumento dos cultivos de coca na Colômbia, maior produtor mundial de cocaína, admitiu nesta segunda-feira o governo colombiano, ao lamentar o aumento desses cultivos "em porcentagens relevantes".
Em Viena, diante da Comissão de Entorpecentes das Nações Unidas (CND, na sigla em inglês), a chanceler María Angela Holguín reconheceu que "após vários anos de redução consistente, os cultivos de planta de coca aumentaram, infelizmente em 2014 e 2015, em percentuais relevantes em torno de 40% em cada um desses anos".
E atribuiu esse fenômeno à "incidência" do capítulo sobre drogas incluído no acordo assinado em novembro com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que busca superar mais de meio século de um conflito em parte financiado com recursos vinculados ao narcotráfico.
Esse capítulo, que inclui programas de substituição de cultivos de uso ilícito, prevenção do consumo e solução ao fenômeno da produção e comercialização de narcóticos, foi acordado em maio de 2014 em meio às negociações que acontecem desde 2012 em Cuba.
"Trabalhadores rurais e cultivadores de coca, vendo os benefícios que teriam pela substituição de cultivos na etapa do pós-conflito, aumentaram a plantação e a área", disse Holguín.
Em seu discurso no 60; período de sessões da CND, a chanceler também atribuiu a outros fatores o aumento dos cultivos ilícitos na Colômbia: as operações de cartéis estrangeiros, a desvalorização do peso colombiano e processos mais sofisticados de produção do alcaloide extraído da folha de coca.
Holguín garantiu que o governo traçou uma estratégia que busca por um lado a erradicação forçada e, por outro, no contexto do pacto com as FARC, a assinatura de acordos com as comunidades campesinas e indígenas para a substituição voluntária de cultivos de coca.
A Colômbia é a principal cultivadora mundial de folha de coca, matéria-prima da cocaína, com 96 mil hetares de plantações, e também a maior produtora dessa droga, com 646 toneladas em 2015, segundo a ONU.