Agência France-Presse
postado em 14/03/2017 09:51
O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, visita a Ásia nesta semana, em um momento em que os planos nucleares e balísticos da Coreia do Norte se apresentam como a primeira crise internacional do presidente Donald Trump.
Tillerson, um ex-diretor do ramo petroleiro e sem experiência qualquer diplomática, tem que causar uma boa impressão em Washington, onde ainda não designou um funcionário de alto escalão.
Nesta semana visitará Tóquio, Seul e Pequim para tratar sobre a crise nuclear que ameaça se tornar uma guerra.
O secretário de Estado chegará nesta quarta-feira a Tóquio, onde se reunirá com o primeiro-ministro, Shinzo Abe, e com o ministro das Relações Exteriores, Fumio Kishida, que viram com preocupação os últimos testes de mísseis feitos por Pyongyang.
Na sexta-feira, visitará a Coreia do Sul, afundada em uma crise política interna após a destituição da presidente Park Geun-Hye, alvo das provocações de seu vizinho ao norte. Em Seul, se encontrará com o mandatário interino, Hwang Kyo-Ahn, e com o titular das Relações Exteriores, Yun Byung-Se.
Para terminar, irá à China, talvez a única potência mundial com alguma capacidade de influência no regime de Kim Jong-Un.
Pressão
A China apoiou as sanções da ONU contra a Coreia do Norte e, em teoria, pôs fim às importações de carvão de seu vizinho, mas está resistente em tomar medidas capazes de provocar a queda do regime.
Desde que assumiu a presidência americana e, especialmente, desde os testes de mísseis balísticos da semana passada, Donald Trump analisa como aumentar a pressão sobre Pyongyang.
"Acredito que seja sabido que atualmente analisamos como abordar a questão da Coreia do Norte, e há um leque de aspectos a serem levados em consideração", disse um funcionário americano de alto escalão.
Entre as opções apresentadas pela linha dura da política internacional de Washington está a possibilidade de aplicar sanções secundárias que poderiam se dirigir a bancos chineses que trabalhem com Pyongyang.
Mas os funcionários que preparam a vista informaram à imprensa de forma anônima que ainda estão com altos postos diplomáticos de Washington vagos, e indicaram que não estão previstos anúncios neste sentido.
"Estamos tentando definir qual será o enfoque da nova administração" de Trump, reconheceu um deles.
Kim, o terceiro em uma dinastia de líderes que comandaram a Coreia do Norte com opressão e culto à personalidade, se mostrou tão determinado como seu pai e avô a desenvolver uma arma nuclear.
O país dispõe de uma pequena quantidade de bombas, e agora testa um míssil balístico intercontinental e foguetes de curto alcance que poderiam atacar as bases dos Estados Unidos e cidades da costa Pacífica.
Desafio para Trump
A crise com Pyongyang se manifesta como o primeiro desafio-chave da administração de Trump, e o Pentágono já provocou a ira da China ao colocar o sistema antimíssil THAAD na Coreia do Sul.
Funcionários americanos insistem que o THAAD (Terminal High-Altitude Area Defense) é um sistema meramente defensivo para proteger a Coreia do Sul e o Japão dos mísseis de Kim Jong-Un, mas Pequim o considera uma ameaça para sua própria capacidade de dissuasão.
E os sinais enviados pela China não geram otimismo nos que, em Washington, se agarram à esperança de que Pequim esteja se preparando para controlar seu pequeno, mas combativo, vizinho.
Na quarta-feira (8), o chanceler chinês, Wang Yi, sugeriu que tanto os Estados Unidos como a Coreia do Norte eram culpados da última crise, e pediu que Washington parasse com os exercícios militares previstos com a Coreia do Sul em troca de Pyongyang suspender seus programas nucleares e de mísseis, uma ideia rechaçada pelos EUA.