Agência France-Presse
postado em 14/03/2017 12:53
A primeira-ministra britânica, Theresa May, informará ao Parlamento sobre o início do Brexit até o final de março, mesmo que a saída da União Europeia tenha sido ofuscada pelo pedido escocês para um novo referendo sobre a independência.
Numa posição desconfortável após esta solicitação, May explicou nesta terça-feira aos deputados que após a autorização do Parlamento no dia anterior ela agora aguarda a aprovação da rainha, uma formalidade que deve ocorrer "nos próximos dias".
"Voltarei a esta sala antes do final do mês para notificar minha decisão depois de já ter iniciado formalmente o artigo 50" do Tratado de Lisboa, que irá lançar oficialmente o processo de divórcio, acrescentou.
"A nova relação será positiva para todo o Reino Unido", garantiu, enfatizando a palavra "todo", dirigindo-se aos membros do partido separatista escocês SNP. A líder do movimento, a primeira-ministra escocesa Nicola Sturgeon, anunciou na segunda-feira que pedirá um novo referendo sobre a independência da Escócia no final de 2018 ou início de 2019.
Sturgeon afirmou que pedirá na próxima semana ao Parlamento regional escocês a autorização para obter o acordo do governo britânico para iniciar o processo. Tal consulta exige o acordo do governo britânico e um voto parlamentar de Westminster.
Nesta terça, alertou Londres contra toda tentativa de bloqueio, afirmando que cabe ao Parlamento escocês determinar "quando" acontecerá.
Nova batalha
Theresa May novamente denunciou um projeto que "cria incerteza num momento em que o país deveria se unir".
"A independência não significa adesão à União Europeia", alertou.
Se ela tem o poder de rejeitar o referendo, esta posição seria politicamente difícil de manter, podendo atiçar ainda mais a chama da independência.
Sturgeon justificou o seu pedido pela "intransigência" do governo britânico às exigências da Escócia para o Brexit, especialmente porque querem permanecer no mercado único europeu.
Mas May quer um Brexit claro, envolvendo a saída do mercado único, a fim de recuperar o controle da imigração.
"É claro que o Reino Unido está cada vez mais dividido", ressaltou nesta terça-feira o chefe do PPE (direita) no Parlamento Europeu, Manfred Weber. "May não conseguiu unir o país", observou ele, levantando a questão da Irlanda do Norte, onde a população também votou contra o Brexit.
Nesta província britânica, marcada por uma história de violência, os nacionalistas do Sinn Fein tiveram um crescimento o significativo nas eleições legislativas antecipadas no início de março.
Seguindo os passos de Nicola Sturgeon, pediram a realização de um referendo de união com a República da Irlanda "o mais rápido possível."