Agência France-Presse
postado em 17/03/2017 10:04
Aviões israelenses atacaram vários alvos na Síria na madrugada desta sexta-feira, o que provocou uma resposta antiaérea e a interceptação de um míssil lançado contra o território de Israel, no incidente mais grave entre os países desde o início da guerra síria, em 2011.
O exército sírio afirmou ter derrubado um dos aviões israelenses, além de ter atingido outro, mas Israel negou a informação.
Em um comunicado publicado pela agência oficial Sana, o exército sírio afirma que os aviões israelenses "entraram no espaço aéreo às 2H40 (21H40 de Brasília, quinta-feira) pelo território libanês e atingiram um alvo militar perto de Palmira".
"Nossa defesa aérea derrubou uma aeronave, atingiu outra e obrigou as demais a fugir", afirma o comunicado.
Israel negou que um de seus aviões tenha sido derrubado.
"A segurança dos civis israelenses e do aparelho da aviação israelense não foi ameaçada em nenhum momento", declarou à AFP o porta-voz militar, coronel Peter Lerner.
Um dos mísseis disparados em represália ao ataque da aviação foi interceptado pelo sistema israelense de defesa antiaérea, anunciou o exército do Estado hebreu, sem revelar mais detalhes.
De acordo com meios de comunicação de Israel, o míssil foi interceptado ao norte de Jerusalém pelo sistema de defesa antimísseis Arrow.
O míssil tentava atingir um dos aviões de combate israelenses quando retornava da missão, segundo a imprensa.
As sirenes de alerta foram ouvidas em várias localidades do Vale do Jordão, que Israel da Jordânia, e segue em direção à Síria.
Pedaços de mísseis caíram em Irbid, norte da Jordânia, de acordo com o exército do país.
Israel está oficialmente em estado de guerra há décadas com a Síria. As relações entre os dois países são ruins, sobretudo porque o regime sírio é apoiado pelo movimento xiita libanês Hezbollah, um dos grandes inimigos de Israel, em sua guerra contra os rebeldes.
Apesar de não tentar interferir no conflito do país vizinho, Israel já bombardeou várias vezes o território sírio.
Mas é incomum que o país confirme, como fez desta vez, os ataques. Em abril de 2016, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu admitiu que Israel havia atacado dezenas de comboios de armas na Síria destinadas ao Hezbollah.
Além disso, Israel ataca com regularidade as posições sírias nas Colinas de Golã, em resposta a supostos disparos de origem indeterminada provocados pelo conflito no outro lado da linha de demarcação.
Israel anexou em 1981 a parte do Golã (1.200 quilômetros quadrados) que ocupava desde 1967 e da Guerra dos Seis Dias. A anexação nunca foi reconhecida pela comunidade internacional, que considera o território como sírio. Um total de 510 quilômetros quadrados seguem sob controle sírio.
Israel também acompanha com atenção o conflito sírio, já que existe a possibilidade de que o Irã, com o apoio do Hezbollah, estabeleça posições no país vizinho e perto de seu território.
Netanyahu citou o perigo iraniano na quinta-feira, ao comentar uma conversa que teve alguns dias antes com o presidente presidente russo Vladimir Putin, aliado do regime de Damasco.
"Falamos especialmente sobre os temas relativos aos esforços do Irã para estabelecer uma presença militar na Síria, inclusive com a construção de um porto iraniano na Síria", disse o primeiro-ministro israelense.
"Também falamos dos esforços do Irã para transferir material de guerra sofisticado ao Hezbollah através da Síria", completou.