O presidente russo, Vladimir Putin, recebeu nesta sexta-feira, pela primeira vez oficialmente, a líder da extrema-direita francesa Marine Le Pen, garantindo que não há interferência russa na eleição presidencial francesa.
[SAIBAMAIS]Ao encontrar o chefe do Estado russo a um mês do primeiro turno das eleições em 23 de abril, a candidata do partido Frente Nacional conseguiu um feito: encontrar o chefe de Estado de uma grande potência e aperfeiçoar sua estatura no palco internacional.
Antes do poderoso presidente russo, ela se reuniu apenas com o presidente libanês Michel Aoun e do Chade, Idriss Deby.
Le Pen se reuniu este manhã com parlamentares, mas o seu programa não incluiu uma reunião com o chefe do Estado russo.
Mas após visitar discretamente uma exposição no Museu do Kremlin, ela apareceu na televisão estatal ao lado de Putin em uma sala no primeiro andar do Kremlin, muitas vezes usado para reuniões informais.
"Nós não queremos ter influência sobre eventos futuros, mas nos reservamos o direito de nos comunicar com os representantes de todas as forças políticas do país, como fazem os nossos parceiros europeus e os Estados Unidos", declarou o presidente.
"É interessante compartilhar com vocês sobre como desenvolver as nossas relações bilaterais e a situação na Europa. Sei que representa um espectro político europeu que está se desenvolvendo muito rapidamente", acrescentou.
A chefe da FN indicou por sua vez à AFP ter discutido "como as nações devem agir em conjunto na luta contra o fundamentalismo", apelando a "reforçar a cooperação".
;Nova visão;
Depois deste encontro, Marine Le Pen assegurou a repórteres que via em Putin "uma nova visão" de um "mundo multipolar". Este mundo, é "o mundo de Vladimir Putin, o mundo de Donald Trump nos Estados Unidos", acrescentando que compartilha com esses países "uma visão de cooperação e não uma visão de submissão, belicista como a que foi expressa muitas vezes pela União Europeia".
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou aos jornalistas que não se falou em dinheiro, enquanto a Frente Nacional está à procura de seis milhões de euros para financiar a sua campanha.
Questionado sobre por que Putin recebeu Marine Le Pen, à frente nas pesquisas para o primeiro turno das eleições, Dmitry Peskov considerou que encontrar "oponentes" estrangeiros era uma "prática normal". "É muito importante discutir com as forças (políticas) que defendem a necessidade de manter um diálogo bilateral" com a Rússia, acrescentou.
A visita de Le Pen acontece num momento em que a Rússia é acusada pelo Ocidente de ter interferido na eleição presidencial dos Estados Unidos para ajudar a eleger Donald Trump e que Berlim teme tentativas de Moscou para "desestabilizar" antes das eleições parlamentares de setembro de 2017.
Questionado sobre os ataques cibernéticos atribuídos à Rússia, Marine Le Pen denunciou uma "forma de complô".
Ela faz parte dos políticos europeus que defendem uma aproximação com Vladimir Putin e que aprovam a anexação da península ucraniana da Crimeia em 2014 pela Rússia.
No início de janeiro, Le Pen viajou a Nova York após a eleição de Trump, mas antes de sua posse. Mas não foi recebida oficialmente pelo novo presidente ou por qualquer membro da sua equipe.