Agência France-Presse
postado em 26/03/2017 15:40
Saarbrucken, Alemanha -O partido conservador de Angela Merkel venceu claramente neste domingo a eleição regional no estado de Sarre com ao menos 40,4% dos votos, o que significa um balde de água fria nas aspirações dos social-democratas.
Os social-democratas ficaram muito longe nesta eleição considerada um teste, com pouco mais de 30% dos votos, segundo os canais públicos ARD e ZDF.
A União Democrata Cristã (CDU) de Merkel governa atualmente a região, mas os social-democratas do SPD desejavam reconquistar o governo desse estado, que tem forte tradição operária e do setor de mineração e conta com 1% da população alemã.
As últimas pesquisas apontavam uma pequena vantagem da CDU (34% a 37%) sobre o SPD (32%), com o partido de extrema-esquerda Die Linke na terceira posição.
Essa primeira consulta serve para medir a capacidade real do novo líder dos social-democratas, Martin Schulz, de desestabilizar nas eleições legislativas de setembro a chanceler Angela Merkel, há 12 anos no poder.
O SPD recuou em relação aos resultados da última eleição para renovar o parlamento regional em Sarre, em 2012, quando teve 30,6% dos votos.
"Não foi um bom resultado para nós (...) mas isso não quer dizer que não ganhamos em nosso objetivo de mudança na chancelaria" em setembro, ressaltando que as eleições são "uma maratona, não um sprint", disse Schulz.
O ministro social-democrata da Justiça, Heiko Maas, admitiu "uma decepção" para seu partido. "Esperávamos mais", afirmou.
As pesquisas de boca de urna das redes televisivas mostram que o SPD foi penalizado em Sarre pela perspectiva de uma aliança com a esquerda radical, surgida do ex-partido comunista da RDA, que assusta a parte do eleitorado. "Isso claramente nos prejudicou", reconheceu Maas.
Embora as consequências deste resultado sejam relativas -pois Sarre só tem 800.000 habitantes, apenas 1% da população alemã-, o lugar estava sendo observado com atenção, como uma prévia das legislativas de 24 de setembro.
- Merkel fortalecida -
O resultado dá novo fôlego e fortalece a chanceler, que sofreu nos últimos meses o efeito conjunto das críticas da direita contra sua política migratória generosa e o avanço pela esquerda dos social-democratas nas pesquisas do início do ano, após a candidatura de Martin Schulz de, ex-presidente do Parlamento Europeu.
Os resultados em Sarre são um revés para Shulz, enquanto as últimas pesquisas nacionais previam uma luta acirrada com o partido democrata-cristão de Merkel, de olho nas legislativas.
O "efeito Schulz" em que o SPD apostava, com um discurso claramente de esquerda sobre os assuntos sociais e uma vontade de apresentar-se como um homem "próximo ao povo", mostra assim seus limites, embora provisoriamente.
O SPD esperava pelo menos em Sarre aproximar-se à CDU, para poder através do jogo das alianças apoderar-se do poder regional, formando coalizão com a esquerda radical do Die Linke. Este último partido obteria entre 13 e 14% dos votos, segundo redes de televisão.
O número somado das cadeiras de ambos os partidos não é o suficiente para uma aliança desse tipo. Além disso, os ecologistas não conseguiram superar o nível mínimo de 5% para entrar no Parlamento regional.
O SPD não terá mais opção que continua sendo sócio minoritário de uma coalizão dirigida com mais firmeza pela CDU e sua liderança local, Annegret Kramp-Karrenbauer, apelidada "Merkel do Sarre" e que a chanceler considera, segundo a imprensa alemã, sua sucessora.
A direita nacionalista da AfD entra no Parlamento de Sarre com 6% dos votos, segundo as redes de televisão, e assim marca presença em 11 dos 16 parlamentos regionais do país.