Agência France-Presse
postado em 27/03/2017 07:30
Seul, Coreia do Sul - O Ministério Público da Coreia do Sul solicitou nesta segunda-feira a prisão da ex-presidenta Park Geun-Hye, poucos dias depois de seu comparecimento a uma audiência judicial por um caso de corrupção e tráfico de influências que provocou sua destituição.
O impeachment de Park, 65 anos, foi confirmado no início de março, após meses de investigações e revelações que provocaram diversas manifestações de protesto no país.
O caso envolve o papel de Choi Soon-Sil, amiga e confidente de Park, investigada por ter aproveitado sua influência para obter milhões de dólares das grandes empresas sul-coreanas.
A ex-presidente é objeto de várias acusações, incluindo a de ter sido cúmplice de sua amiga.
"A acusada abusou de seus grandes poderes e de seu status de presidente para receber subornos das empresas ou para violar o princípio da liberdade de gestão empresarial e filtrar informação confidencial importante sobre assuntos do Estado", afirma a Procuradoria sul-coreana em um comunicado, que classifica a situação como "assuntos graves".
"Foram reunidas muitas provas, mas a acusada nega e existe um risco de destruição de provas", completa a nota oficial da Procuradoria para justificar o pedido de prisão.
Choi Soon-Sil, amiga de Park desde a infância, está detida. O MP considera que seria "contrário à imparcialidade" a ex-presidenta não estar detida também.
Se o tribunal do distrito central de Seul aceitar o pedido da Procuradoria, Park será o terceiro ex-chefe de Estado da Coreia do Sul detido por um caso de corrupção.
Chun Doo-Hwan e Roh Tae-Woo cumpriram penas de prisão nos anos 1990 por motivos similares. O ex-presidente Roh Moo-Hyun, eleito democraticamente, cometeu suicídio em 2009, quando ele e a família eram investigados por corrupção.
O Parlamento votou em dezembro a destituição de Park, confirmada em março, o que acabou com a imunidade da ex-presidente e a levou a uma audiência judicial na semana passada.
Eleições antecipadas
Choi Soon-Sil é acusada de ter utilizado sua influência sobre a presidente para forçar os grandes conglomerados sul-coreanos, incluindo a Samsung, a pagar um total de 70 milhões de dólares a duas fundações que estavam sob seu controle.
A Procuradoria também acusa Park de ter concedido favores políticos aos grandes empresários que foram generosos com Choi, entre eles Lee Jae-Yong, o herdeiro da Samsung, indiciado e atualmente em prisão provisória.
A ex-presidenta também é acusada de ter permitido o envolvimento de sua melhor amiga, que não tinha um cargo oficial, em questões do Estado, como a nomeação de funcionários.
Também existe a suspeita de que Park, filha do ex-ditador Park Chung-Hee, ordenou a seus conselheiros que transmitissem documentos confidenciais a Choi e criou uma "lista negra" de artistas que não receberam subvenções por críticas a seu governo.
O Ministério Público também acredita que Park obrigou grupos como Hyundai ou Posco (aço) a atribuir contratos lucrativos a empresas ou indivíduos relacionados com Choi.
A relação entre as duas mulheres começou com a ligação de Park com o pai Choi, Choi Tae-Min, um misterioso líder religiosos que foi seu mentor até sua morte, em 1994.
Choi Tae-Min, que se casou sete vezes e fundou um movimento sectário, também foi acusado de ter atuado como intermediário para extorquir grandes empresas.
A ex-presidente nega todas as acusações e afirma que Choi traiu sua confiança
O país celebrará eleições antecipadas em 9 de maio. Moon Jae-In, ex-líder do Partido Democrático, o principal partido de oposição, é o favorito.