Agência France-Presse
postado em 30/03/2017 16:21
Mais de cinco milhões de pessoas fugiram do devastador conflito na Síria, informou a ONU nesta quinta-feira (30/3), enquanto que as ONGs pediram à comunidade internacional a acabar com a guerra de seis anos no país e fornecer maior apoio às nações de acolhida.
Os novos números significam que cerca de um quarto da população síria fugiu desde março de 2011, quando teve início o conflito que já provocou mais de 320.000 mortos.
Agência da ONU para os Refugiados (Acnur) pediu uma maior assistência internacional, com sua porta-voz Cecile Pouilly alertando para um "marco importante".
"Quando o número de mulheres, homens e crianças que fugiram de seis anos de guerra na Síria ultrapassa a barreira os cinco milhões, a comunidade internacional precisa fazer mais para ajudá-los", declarou o Acnur em um comunicado.
As ONGs que ajudam os refugiados sírios alertam há tempos sobre a crise, pedindo mais fundos e ações internacionais para parar a guerra na Síria.
"Está claro que a comunidade internacional falhou completamente em acabar com o conflito na Síria", disse Alun McDonald, porta-voz regional para a Save the Children.
Ele ressaltou que a maior parte da comunidade internacional também tem fracassado com os refugiados, principalmente com o fechamento das fronteiras.
A Turquia é o país que abriga o maior número de sírios deslocados pela guerra, quase três milhões.
Seguido pelo Líbano, com mais de um milhão, e a Jordânia, com 657.000. Em menor medida, Iraque, Egito e outros países norte-africanos.
Maior grupo na Turquia
No entanto, estes números não levam em conta os centenas de milhares de sírios que fugiram para a Europa, muitas vezes arriscando cair nas mãos de traficantes de seres humanos e até à morte em viagens perigosas por terra e mar.
Um número menor foi contabilizado oficialmente na Europa, Canadá e Estados Unidos, embora a administração do presidente Donald Trump tenha tentado parar temporariamente todas as entradas de refugiados sírios.
O maior grupo está na Turquia, com quase 2,9 milhões de refugiados sírios registrados, segundo a ONU.
A maioria vive em cidades turcas, incluindo mais de meio milhão só em Istambul, e menos de um décimo reside em acampamentos.
O presidente Recep Tayyp Erdogan, um dos primeiros defensores da revolta e que pediu várias vezes ao presidente sírio Bashar al-Assad que renunciasse, chegou a levantar a possibilidade de conceder a cidadania a alguns refugiados.
Na Jordânia, cerca de 657.000 refugiados sírios foram registrados pela ONU, mas o governo afirma que o verdadeiro número chega a 1,3 milhão.
A ONU declarou que cerca de um milhão de sírios estão no Líbano, apesar de o governo assegurar que o número é bem maior, com muitos vivendo em condições de miséria em acampamentos não oficiais.
A população do Líbano é de apenas quatro milhões, que já lutam contra os escassos recursos, desemprego e uma infraestrutura precária.
Em uma declaração conjunta com organizações sírias, a Oxfam pediu nesta quinta-feira uma maior apoio aos países de acolhimento.
"Oxfam apela aos países ricos que deem o seu apoio aos vizinhos da Síria que acolhem estes refugiados e para reassentar pelo menos 10% dos mais vulneráveis até o final de 2017", declarou o diretor-executivo internacional da Oxfam, Winnie Byanyima.
Os grupos de assistência e as Nações Unidas também têm alertado frequentemente sobre o impacto a longo prazo da crise, especialmente entre as crianças.
"Um milhão de crianças refugiadas sírias estão fora da escola e não têm acesso à educação, são eles que terão que ajudar a reconstruir a Síria para a próxima geração", disse McDonald.