Agência France-Presse
postado em 30/03/2017 17:24
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou nesta quinta-feira no Iraque que a proteção dos civis deve ser a prioridade absoluta, no momento em que as forças iraquianas lutam para reconquistar Mossul.
Muitos civis permanecem em Mossul, a cidade que em 2014 foi conquistada pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).
Mais de 200.000 civis fugiram do oeste de Mossul para evitar a violência da operação, iniciada mês passado para retomar dos extremistas o controle da segunda maior cidade do país.
"Acabo de chegar ao Iraque tratar da urgente situação de ajuda humanitária. A proteção dos civis deve ser a prioridade absoluta", escreveu o português em sua conta no Twitter.
Fontes oficiais e testemunhas denunciaram que os bombardeios realizados este mês provocaram muitas vítimas entre os civis.
Depois de desembarcar em Bagdá, Guterres se reuniu com o primeiro-ministro Haider al-Abadi e o presidente Fuad Masum, entre outros.
"O Iraque está nas etapas finais de sua luta contra o terrorismo. Esperamos com ansiedade que termine rapidamente a libertação de Mossul", declarou Guterres após encontrar o premiê.
O ministro das Relações Exteriores, Ibrahim al Jaafari, disse que seu país "precisa de uma assistência similar ao Plano Marshall para reconstruir o país e superar os efeitos da guerra contra os grupos terroristas".
Guterres tem previsto viajar na sexta-feira e Erbil, capital da região autônoma do Curdistão.
Sua visita acontece em um momento crítico para o Iraque porque a ofensiva em Mossul provoca muitas preocupações a respeito da situação humanitária.
Além dos civis retidos pelos combates, muitos moradores foram obrigados a abandonar suas casas e fugir da cidade para escapar da violência.
Civis mortos
As tropas iraquianas iniciaram em 17 de outubro uma grande operação para reconquistar Mossul, a grande cidade do norte do Iraque. No fim de janeiro retomaram a zona leste da cidade, dividida pelo rio Tigre, e iniciaram a ofensiva para recuperar o oeste em 19 de fevereiro.
Desde então, mais de 200.000 civis fugiram dos combates no oeste de Mossul, de acordo com dados oficiais iraquianos.
Ao redor da cidade foram instalados acampamentos para os deslocados, mas muitas pessoas estão hospedadas nas casas de parentes, moram em habitações precárias ou em construções que não foram concluídas.
Os números de deslocados ainda não alcançaram o pior cenário possível (um milhão de pessoas), mas isto porque muitas pessoas permanecem retidas no meio da batalha.
A ONU anunciou há algumas semanas que 600.000 civis continuam no oeste de Mossul, incluindo 400.000 cercados na cidade antiga.
Ao menos 300 pessoas morreram e outras 273 ficaram feridas no oeste de Mossul entre 17 de fevereiro e 22 de março, de acordo com as Nações Unidas.
A ONU e a Anistia Internacional (AI) fizeram um apelo às tropas iraquianas e a à coalizão internacional por um envolvimento maior na proteção dos civis em Mossul.
Donatella Rovera, conselheira da AI para crises humanitárias, advertiu que as investigações no leste de Mossul mostra um "padrão alarmante de bombardeios da coalizão liderada pelos Estados Unidos que destruíram completamente casas com famílias inteiras".
"A alta incidência de mortes de civis sugerem que as forças da coalizão fracassam no momento de adotar precauções adequadas para evitar as mortes dos civis, o que constitui uma violação flagrante do direito internacional humanitário", disse.