Rodrigo Craveiro
postado em 02/04/2017 08:00
O Correio entrevistou com exclusividade o candidato da direita (oposição) às eleições presidenciais no Equador, Guillermo Lasso. Aos 61 anos, o presidente do Banco Guayaquil e ex-ministro de Minas e Energia fala sobre as possibilidades de vitória no segundo turno, a ser realizado neste domingo (2/4), e sobre o seu projeto político para o Equador. A reportagem tentou entrevistar o candidato governista, Lenín Moreno, mas não obteve resposta.
Como o senhor vê as possibilidades de vitória nas eleições de hoje, ainda que algumas das pesquisas não lhe sejam favoráveis?
As últimas pesquisas do Cedatos, o instituto que mais se aproximou%u200B dos resultados de primeiro turno, nos dão vantagem. Mais além da ferramenta que representam as sondagens, nos encontramos difundindo as propostas do governo de mudança, para responder aos 16 milhões de equatorianos, em especial aos que nos darão o triunfo nas urnas, neste 2 de abril.
Quais os principais pontos de sua agenda de campanha capazes de atrair mais eleitores?
Tenho escutado os problemas dos equatorianos e sei que o que querem é uma mudança. Uma transformação que lhes permita trabalhar e que respeite sua liberdade. Por isso, no âmbito econômico, nossa proposta é gerar 1 milhão de empregos em quatro anos, com facilidades para empreender, crédito para o agronegócio, eliminação de impostos e novos acordos de comércio. Também nos comprometemos a manter a dolarização e a fortalecê-la. No fortalecimento da sociedade civil, começaremos por derrogar os decretos 16 e 739, que se converteram em uma mordaça para as ONGs. Para o governo da mudança, essas organizações representam um valioso aporte para fortalecer diversos programas sociais e de participação cidadã.
A eleição de hoje também é um referendo sobre o governo de Rafael Correa?
Com certeza, é um "não" ao correísmo dos últimos 10 anos. E um não ao continuísmo de seu sucessor. O correísmo representa um modelo que não apenas é insustentável economicamente, como também carrega uma série de repercussões sociais e políticas terríveis terríveis%u200B. Seu modelo se baseia na polarização e na divisão, quando todos somos parte de um país e assim nos reconhecemos. O que este governo deixa é é um prontuário de ataques aos direitos fundamentais, como a liberdade de expressão e a liberdade de associação e, especialmente, da corrupção sem precedentes. É por isso que mais de 60% da população quer uma mudança e votará por isso, hoje.
Quais os maiores e mais urgentes problemas enfrentados pelo Equador?
No governo da mudança, vamos gerar confiança institucional, financeira e econômica nos 100 primeiros dias de governo e consolidá-la no resto do mandato. Para alcançar a confiança institucional, despolitizaremos nossos organismos de controle mediante consulta popular e exigiremos o cumprimento das autoridades de controle impulsionando, com os parlamentares, julgamentos políticos contra os titulares dos organismos pertinentes pelo descumprimento de suas obrigações constitucionais e legais durante a última década. Nós recuperaremos a confiança financeira fortalecendo a dolarização. Por último, a confiança econômica será conquistada ascendendo a novos mercados, para ter mais Equador no mundo e mais mundo no Equador, eliminando 14 impostos para fortalecer a produção.
Como pensa a reação do Equador com o Brasil e com outros países do continente?
No governo da mudança, estaremos abertos a melhorar as relações internacionais com o Brasil é o restante dos países da região. Priorizaremos a integração comercial e a cooperação.
Estamos convencidos de que um verdadeiro impulso para o desenvolvimento econômico, o Equador deve se envolver ativamente com todos os blocos que promovem os ideais de liberdade e democracia. Por exemplo, a OEA, na defesa dos direitos humanos, e a Aliança do Pacífico, nos acordos de comércio. Deixaremos de lado os blocos que promovem modelos caducos e que realizem atos que violem os direitos humanos, como a Alba. O caminho da mudança no Equador aceita uma aproximação com a esquerda?
Seremos um país de diálogo, não de imposição. Falaremos com todos os setores da sociedade para chegarmos a um consenso em favor dos equatorianos. No marco do respeito aos direitos humanos e a favor da democracia, temos assumido vários compromissos com diferentes grupos, entre eles os LGBT, os coletivos de mulheres, os indígenas, os afro-americanos etc. Nossas propostas beneficiam a todos os equatorianos. Não será difícil manter um diálogo com parlamentares de todos os partidos e chegar a um consenso para podermos aprovar os projetos que temos previstos em nosso plano de governo.