O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, convocou nesta segunda-feira os dirigentes e parlamentares da oposição para um diálogo, com a mediação da Igreja, para acalmar os ânimos após as violentas manifestações do fim de semana que deixaram um opositor morto.
[SAIBAMAIS]"Proponho a abertura de um amplo debate, cuja única condição seja a vontade de chegar a um acordo para uma democracia duradoura", afirmou Cartes em uma mensagem à nação.
O chamado foi dirigido aos presidentes das duas Câmaras do Congresso, senadores, deputados, ao titular da Suprema Corte de Justiça e aos líderes dos partidos com representação parlamentar.
A aprovação surpreendente e irregular de sexta-feira de um projeto de emenda constitucional para permitir a reeleição presidencial em 2018 por parte da maioria oficialista no Senado provocou a invasão e o incêndio do edifício do Congresso pelos manifestantes, em uma série de ações violentas que deixaram um ativista do opositor Partido Liberal morto pelas mãos da polícia.
Cartes recebeu nesta segunda-feira dezenas de dirigentes políticos que expressaram apoio ao projeto de emenda.
Os opositores à emenda da sociedade civil, entre eles estudantes, convocaram uma vigília por meio das redes sociais para esta segunda-feira à noite na praça em frente ao Congresso, onde na terça-feira está previsto que a Câmara dos Deputados aprove o questionada projeto.
Efraín Alegre, presidente do Partido Liberal, condicionou sua participação no diálogo à retirada do projeto de reforma constitucional e à punição daqueles que ordenaram no sábado a invasão ilegal de seu grupo político.
Em contraste, a Conferência Episcopal Paraguaia (CEP) aceitou a iniciativa: "acolhemos com esperança o chamado televisionado do senhor Presidente da República para um diálogo entre os atores políticos".
O papa Francisco pediu ao Paraguai no domingo que busque soluções entre os atores representativos da nação.
A Constituição paraguaia, de 1992, proíbe a reeleição do presidente e do vice-presidente, uma medida imposta pela Assembleia Constituinte deste ano contra o reaparecimento das ditaduras.
Em 1989, o ditador Alfredo Stroessener foi deposto, após ter governado o país com mão de ferro durante 35 anos.
"Se querem mudar o artigo, só poderão fazê-lo pelo caminho da reforma por uma Assembleia Constituinte e não pelo da emenda", afirmou o constitucionalista e membro da comissão redatora da Carta Magna de 1992, Benjamín Fernández.