Agência France-Presse
postado em 05/04/2017 12:37
Nações Unidas, EUA - O Conselho de Segurança da ONU começou nesta quarta-feira sua reunião sobre o suposto ataque com armas químicas na Síria, que deixou dezenas de mortos, incluindo crianças. Grã-Bretanha, França e Estados Unidos apresentaram um rascunho de resolução pedindo uma investigação exaustiva do ataque em uma localidade rebelde na província de Idlib, mas a Rússia, firme aliada do governo de Bashar al-Assad, afirmou que o texto era "categoricamente inaceitável".
"Aqui estamos falando de crimes de guerra, crimes de guerra em grande escala, crimes de guerra com armas químicas", criticou o embaixador francês, François Delattre, em declarações a jornalistas ao entrar na reunião. O projeto de resolução pede que um painel conjunto da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) e da ONU investigue o ataque, realizado na manhã de terça-feira no povoado de Khan Sheikhun.
Ao menos 72 pessoas morreram, entre elas 20 crianças, durante o ataque, e dezenas sofreram dificuldades para respirar, convulsões e soltaram espuma pela boca, segundo médicos. O texto convoca a Síria a entregar os planos e registros de voo, além de outras informações, de suas operações militares no dia do ataque.
[SAIBAMAIS]Além disso, pede que Damasco forneça os nomes de todos os comandantes de esquadrões de helicópteros aos investigadores da ONU e permita que se reúnam com generais e outros oficiais de alto escalão, indica o projeto de resolução.
Também prevê que a Síria permita que as equipes da ONU e da OPAQ visitem suas bases aéreas, das quais os ataques com armas químicas podem ter sido lançados. As negociações em torno do rascunho continuam, mas em Moscou o chanceler antecipou que o "texto tal como foi apresentado é categoricamente inaceitável".
Por enquanto não foi convocada uma votação, mas os diplomatas de países ocidentais disseram que as negociações não se estenderão muito, sugerindo que a Rússia pode recorrer a um veto para bloquear a medida.
"Um veto russo significaria que eles gastam mais tempo defendendo o indefensável", afirmou o embaixador britânico, Matthew Rycroft. Grã-Bretanha, França e Estados Unidos responsabilizam as forças de Assad pelo ataque, mas o Exército sírio negou estar envolvido.