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Suposto autor de atentado em Estocolmo demonstrava interesse pelo EI

O suspeito deveria ter sido expulso da Suécia depois que as autoridades negaram seu pedido de visto de residência

Agência France-Presse
postado em 09/04/2017 13:55
O suspeito deveria ter sido expulso da Suécia depois que as autoridades negaram seu pedido de visto de residência

O perfil do suposto autor do atentado com caminhão, que deixou quarto mortos na sexta-feira em Estocolmo, era definido neste domingo, especialmente seu interesse pelos grupos extremistas, enquanto milhares de suecos expressavam sua rejeição ao terrorismo. O suspeito, um uzbeque de 39 anos detido algumas horas depois do ataque, deveria ter sido expulso da Suécia depois que as autoridades negaram seu pedido de visto de residência, indicou a polícia durante uma coletiva de imprensa.

O homem "demonstrava interesse por organizações extremistas como o Estado Islâmico" (EI), declarou o chefe da polícia nacional, Jonas Hysing, sem acrescentar mais detalhes.

As autoridades suspeitam que na sexta-feira roubou um caminhão com o qual atropelou dezenas de pessoas em uma das ruas de pedestres mais movimentadas do centro de Estocolmo, Drottninggatan, antes de se chocar contra a fachada de uma grande loja de departamentos. O ataque, classificado de "ato terrorista" pela procuradoria sueca, deixou quatro mortos e 15 feridos.

Seu modus operandi lembra os atentados cometidos em Nice (sudeste da França), Berlim e Londres, estes reivindicados pelo EI. Um segundo suspeito foi detido e colocado em prisão preventiva neste domingo sob as mesmas acusações, indicou à AFP a juíza Helga Hullman, do tribunal de Estocolmo, sem informar sua relação com o principal suspeito.

Abalados pelo atentado, os suecos demonstraram neste domingo sua rejeição ao terrorismo durante uma concentração no centro da capital sueca. Milhares de pessoas se reuniram na praça Sergles Torg, a dois passos da rua onde ocorreu o drama, segundo jornalistas da AFP.

Criança morta

Um policial também informou que as vítimas eram dois suecos, um cidadão britânico e um belga, uma mulher segundo o chefe da diplomacia belga, Didier Reynders. Uma menina sueca de 11 anos está entre os mortos, informaram seus parentes.

Dos 15 feridos, 10 pessoas - nove adultos e uma criança - seguiam hospitalizadas na manhã deste domingo, quatro delas em estado grave, segundo as autoridades de saúde. O principal suspeito, cuja identidade não foi revelada pela polícia, pediu o visto de residência em 2014, mas o Escritório das Migrações o negou em junho de 2016.

"Em dezembro de 2016, o Escritório de Migrações informou que ele tinha quatro semanas para deixar o país. Em fevereiro de 2017, a polícia recebeu a ordem para executar a decisão, porque ele já não estava localizável", acrescentou Hysing. As autoridades perderam sua pista até o atentado de sexta-feira.

Enorme comoção

Conhecidos do suspeito indicavam neste domingo na imprensa que o homem, pai de família que trabalhava no setor da construção, não parecia radicalizado. "Ia a festas e bebia", segundo um parente.

Na cabine do caminhão, os policiais encontraram no sábado um artefato suspeito, mas não puderam informar se era uma bomba ou um dispositivo inflamável.

Neste domingo, na vizinha Noruega, a polícia anunciou ter neutralizado um artefato suspeito "parecido com uma bomba" perto do centro de Oslo e ter detido uma pessoa.

O atentado na Suécia abalou o país nórdico, que costuma se orgulhar de sua abertura e tolerância. Desde sexta-feira, centenas de pessoas se reuniram perto das barreiras de segurança, próximo ao local do incidente, onde depositaram flores. Pessoas anônimas também deixaram flores em vários carros de polícia.

"Confiamos à Santa Virgem as vítimas do atentado terrorista registrado na última sexta-feira em Estocolmo, assim como todos aqueles que seguem afetados pela guerra, uma catástrofe para a humanidade", declarou o papa Francisco neste domingo durante a oração do Ângelus.

As bandeiras ondeavam neste fim de semana a meio mastro nos edifícios públicos. E na segunda-feira ao meio-dia (07h00 de Brasília) será realizada uma cerimônia em homenagem às vítimas, anunciou o primeiro-ministro, Stefan Lofven, que depositou no sábado flores em frente à loja onde o caminhão terminou seu ataque.

A Suécia só havia sofrido outro atentado até a data. Foi em dezembro de 2010, quando um suicida detonou seus explosivos na mesma rua de pedestres, ferindo levemente várias pessoas.

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