Agência France-Presse
postado em 18/04/2017 07:27
Tóquio, Japão - O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, reiterou nesta terça-feira em Tóquio o compromisso dos Estados Unidos de garantir a segurança do Japão ante a Coreia do Norte, que ameaça realizar um teste nuclear "por semana". A "aliança entre Estados Unidos e Japão é a pedra angular da paz e da segurança no nordeste da Ásia", declarou Mike Pence em um encontro com o primeiro-ministro nipônico Shinzo Abe.
Abe defendeu a busca de uma solução pacífica na crise com a Coreia do Norte. "É muito importante desenvolver esforços diplomáticos e buscar uma solução pacífica", declarou o chefe de Governo japonês. "Ao mesmo tempo, o diálogo pelo próprio diálogo carece de valor e é necessário pressionar", completou.
Pence desembarcou em Tóquio nesta terça-feira, após uma visita à Coreia do Sul, para abordar o tema da tensão com a Coreia do Norte após os testes de mísseis em março e abril, decididos pelo dirigente norte-coreano Kim Jong-Un. Desafiando as pressões internacionais e as resoluções da ONU, a Coreia do Norte tentou no domingo, sem sucesso, lançar um novo míssil. Analistas temem que o país planeje um sexto teste nuclear.
Neste cenário, o vice-ministro norte-coreano das Relações Exteriores, Han Song-Ryol, deu a entender que Pyongyang espera acelerar o ritmo de seus lançamentos balísticos. "Vamos realizar testes de mísseis de modo semanal, mensal e anual", disse Han em uma entrevista à BBC, ao mesmo tempo que ameaçou com um "guerra total".
[SAIBAMAIS]A Coreia do Norte poderia antecipar-se à possibilidade de um ataque americano e atingir a Coreia do Sul ou o Japão. Desta maneira, Tóquio e Seul observam com preocupação o tom do discurso do governo de Donald Trump, cada vez mais belicoso. Durante uma visita à Zona Desmilitarizada (DMZ), na fronteira entre as duas Coreias, Pence fez referência aos ataques executados pelos Estados Unidos contra uma base síria e contra jihadistas no Afeganistão.
"Nas duas últimas semanas, o mundo foi testemunha da força e determinação de nosso novo presidente com as operações realizadas na Síria e no Afeganistão", declarou Pence. "Todas as opções estão sobre a mesa", para pressionar a Pyongyang, indicou Pence, antes de ressaltar que "a política da paciência estratégica acabou".
Washington teme que a Coreia do Norte esteja próxima de construir um míssil com carga nuclear e com possibilidade de atingir o território americano. Assim como a Coreia do Sul, o Japão enfrenta ameaças diretas de lançamentos de projéteis norte-coreanos. "A Coreia do Norte faria melhor se não testasse a determinação ou a potência das Forças Armadas dos Estados Unidos nesta região", disse Pence em Seul.
Negociações comerciais
O Japão teme que uma ação dos Estados Unidos possa desencadear uma crise regional mais ampla. Tóquio aprecia que a Casa Branca se concentre em pressionar a China, o único aliado que resta a Pyongyang, e que Pequim interceda para que o regime norte-coreano aceite retornar à mesa de negociações sobre seu programa nuclear, abandonada em 2009. "Com una coordenação estreita, eu espero que possamos pedir com firmeza a Coreia do Norte que se abstenha das ações de provocação e cumpra as resoluções do Conselho de Segurança da ONU", disse o porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga.
A viagem de Pence também tem um importante elemento econômico. A decisão de Trump de retirar os Estados Unidos do Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP, na sigla em inglês), foi um duro golpe para Abe, que usou grande parte de seu capital político para estimular a a iniciativa no Japão.
Em Tóquio ainda existe a esperança de que o núcleo do acordo negociado entre Estados Unidos e Japão para tentar contra-atacar a influência regional da China possa ser resgatado. Mas fontes americanas afirmam que as expectativas de um acordo comercial bilateral ambicioso são prematuras.