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Macron coleciona adesões para o segundo turno contra Marine Le Pen

O centrista Emmanuel Macron, estreante na política, vence apertado o primeiro turno da eleição presidencial e coleciona adesões para o tira-teima contra a candidata da extrema-direita. A União Europeia respira aliviada

Silvio Queiroz
postado em 24/04/2017 06:00

'Encarnarei, em nome de vocês, a voz da esperança para nosso país e 
para a Europa', disse Macron

Desde as primeiras projeções, divulgadas imediatamente após o fechamento das urnas, às 20h (15h em Brasília), os franceses puderam confirmar o que as pesquisas de opinião indicavam com consistência, embora com margem para surpresas, na eleição presidencial mais acirrada e atípica das últimas décadas.

Pela primeira vez na 5; República, implantada nos anos 1960, nenhuma das duas principais forças políticas do país estarão no turno decisivo, dentro de duas semanas. Os republicanos, herdeiros da direita gaullista, e os socialistas, reservatório da esquerda clássica, viram-se obrigados a digerir o revés e anunciar prontamente o apoio ao centrista Emmanuel Macron, 39 anos, que se lançou à disputa pelo recém-fundado movimento Em Marcha!

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Com apoio praticamente unânime dos demais, ele enfrentará, como favorito, a candidata da Frente Nacional (FN), Marine Le Pen, porta-voz de uma extrema-direita que cresce a cada votação, com um discurso anti-imigrantes e anti-União Europeia (UE).
[SAIBAMAIS]
;Encarnarei, em nome de vocês, a voz da esperança para nosso país e para a Europa;, discursou Macron para os correligionários, mas dirigindo-se a mais da metade dos votantes no primeiro turno. As estimativas divulgadas à meia-noite, já com base nos resultados oficiais parciais, davam a ele uma cifra próxima a 24% dos votos.

Le Pen, 48, que liderou seu partido em uma sequência de resultados expressivos nos âmbitos local e regional, ampliou os 18% conquistados na presidencial de 2012: com pouco menos de 22%, marchava para passar ao segundo turno, repetindo o feito do pai, Jean-Marie Le Pen, na disputa de 2002. Diante de correligionários eufóricos, ela saudou o ;resultado histórico; e dirigiu-se ;ao povo francês;: ;A escolha nesta eleição é entre a globalização selvagem e a grande alternância representada pelo nosso programa;.

Apoio


A primeira declaração de apoio a Macron veio do maior derrotado da noite, Beno;t Hamon, que arrastou o Partido Socialista (PS) a um desastre histórico: com 6% dos votos, a legenda do presidente François Hollande, que nem sequer tentou a reeleição, foi rebaixado ao patamar dos pequenos partidos.

;Assumo plenamente a responsabilidade pela derrota;, discursou para um público abatido. Depois de convocar os eleitores a apoiar o centrista, ;para bater vigorosamente a extrema-direita;, Hamon conclamou ;toda a esquerda; francesa a ;entender a mensagem; das urnas.

O recado tinha endereço certo: com 19% dos votos, mais que o triplo dos obtidos pelo PS, o candidato da extrema-esquerda, Jean-Luc Mélenchon, firmou sua coalizão França Insubmissa, como porta-voz dos eleitores socialistas descontentes com o governo Hol-lande e com a guinada do partido em direção ao centro.

Ao contrário, porém, dos aliados comunistas, que anunciaram prontamente o apoio a Macron ;contra a extrema-direita racista e xenófoba;, Mélenchon esquivou-se de orientar o voto no tira-teima do domingo 7 de maio: ;Não tenho mandato dos 450 mil franceses que apresentaram minha candidatura para falar por eles neste momento;.

Foi também na posição de derrotado que o ex-primeiro-ministro François Fillon, do partido Republicanos, somou-se ao coro geral de apoio ao adversário de Marine Le Pen.

;É preciso escolher aquilo que é melhor para o país;, discurso Fillon, que começou a campanha ao Palácio do Eliseu como franco-favorito, depois de ter derrotado o ex-presidente Nicolas Sarkozy nas primárias da direita chamada de ;clássica; no jargão político francês. No segundo turno, sua orientação foi pelo voto em Macron contra ;um partido extremista que se aproxima do poder e só poderá trazer divisão, desgraça e caos para a França;. Com 20% dos votos, o ex-premiê defendia a terceira posição por uma vantagem de menos de um ponto sobre Mélenchon.


Alívio em Bruxelas


Preocupados com a indefinição captada até as últimas pesquisas, e com a possibilidade de ver a ascensão de um governo anti-UE no país que forma com a Alemanha a coluna vertebral do bloco, dirigentes europeus saudaram aliviados a vitória de Macron ; e a perspectiva de vê-lo confirmado com facilidade no segundo turno.

Pelo Twitter, o presidente da Comissão Europeia (CE, braço executivo da UE), Jean-Claude Juncker, cumprimentou o centrista pelo resultado de ontem e desejou-lhe ;sorte no futuro;. ;Ver bandeiras da #França e da UE celebrando o resultado de @emmanuelmacron é a esperança e o futuro da nossa geração;, tuitou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.

Às voltas com as difíceis negociações sobre a saída do Reino Unido, primeiro país-membro a desligar-se do bloco nas sete décadas do processo de integração continental, o francês Michel Barnier, que chefia a delegação de Bruxelas no processo, declarou o voto em Macron, a quem definiu como ;patriota e europeu;: ;A França deve continuar sendo europeia;.

24 %
Votação aproximada de Macron, segundo as projeções do fim da noite

22 %
Votação aproximada de Le Pen, segundo as projeções do fim da noite

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