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Le Pen e Macron reunidos em homenagem a policial morto em Paris

Jugelé recebeu a Legião de Honra, uma das principais honrarias da França, e receberá a título póstumo a patente de capitão

Agência France-Presse
postado em 25/04/2017 10:30
Paris, França - Os dois candidatos à presidência da França, o centrista Emmanuel Macron e a candidata de extrema-direita Marine Le Pen, participaram nesta terça-feira de uma homenagem nacional ao policial morto na semana passada em um atentado na avenida Champs-Elysées de Paris.

O presidente socialista François Hollande convidou os dois para uma cerimônia na sede da polícia de Paris, uma homenagem a Xavier Jugelé, que na quinta-feira passada se tornou a vítima de número 239 da onda de atentados jihadistas que afeta a França desde o início de 2015. Karim Cheurfi, autor do ataque reivindicado pelo grupo Estado Islâmico, matou o policial com dois tiros na cabeça na famosa avenida parisiense. Também feriu dois policiais e uma turista alemã, antes de ser morto.
"De novo a França perdeu um de seus filhos mais corajosos, a República perdeu um dos guardiões mais valorosos", afirmou Hollande em um discurso solene exibido na televisão. A esposa do agente falecido também discursou, emocionada. Ela disse que "sofre sem ódio" e pediu aos franceses que "lutem pela paz". Jugelé recebeu a Legião de Honra, uma das principais honrarias da França, e receberá a título póstumo a patente de capitão. O atentado de Champs-Elysées sacudiu a reta final da campanha presidencial, três dias antes do primeiro turno das eleições mais imprevisíveis das últimas décadas.

Os dois candidatos que disputarão o segundo turno em 7 de maio têm visões completamente diferentes sobre como proteger a França dos ataques extremistas. Marine Le Pen exige o retorno das fronteiras nacionais e a expulsão de todos os estrangeiros que aparecem na lista de vigilância terrorista. Emmanuel Macron, que aos 39 anos é o favorito para se tornar o presidente mais jovem da história da França, pediu aos eleitores que não cedam ao medo e promete intensificar a cooperação na área de segurança com os países da União Europeia (UE).

As pesquisas indicam que Macron, que recebeu 24% dos votos no primeiro turno, deve superar Le Pen por ampla margem no segundo turno. Mas depois do voto a favor da saída do Reino Unido da UE e do triunfo de Donald Trump nos Estados Unidos, que nenhuma pesquisa conseguiu prever, os analistas demonstram prudência. Praticamente toda a classe política francesa, de esquerda e direita, incluindo o presidente Hollande, expressou apoio a Macron, um ex-executivo do setor bancário que disputa uma eleição pela primeira vez, com o objetivo de impedir o avanço da extrema-direita.

Reinício da campanha

A candidata de ultradireita, que na segunda-feira anunciou o afastamento temporário da presidência de seu partido, Frente Nacional, para para dedicar-se apenas à campanha, prosseguia nesta terça-feira com a agenda lotada, decidida a contrariar as pesquisas que apontam sua derrota. Depois de visitar na segunda-feira o departamento de Pas-de-Calais, seu reduto eleitoral na região norte do país, Le Pen compareceu nesta terça-feira ao mercado de alimentos de Rungis, no subúrbio de Paris, onde se apresentou como a candidata da "regularização" contra seu adversário, que segundo ela é partidário da "abertura total".

Marine La Pen espera conquistar votos dos eleitores do conservador François Fillon e do candidato da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, derrotados no primeiro turno. O vice-presidente da Frente Nacional, Florian Philippot, afirmou que "muitos eleitores" de Mélenchon, que ainda não falou nada sobre o segundo turno, poderiam votar em Le Pen, ao destacar as coincidências entre os dois programas.

A estratégia de marcar presença em diversos locais e na imprensa contrasta com a de Emmanuel Macron, que retomará a campanha na quarta-feira em duas cidades do norte da França nas quais Le Pen foi a mais votada no domingo. O candidato do movimento "Em Marcha" dedicou o início da semana a "negociações políticas" para conquistar a maioria parlamentar nas legislativas de junho, indispensável para conseguir governar e aplicar seu programa.

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