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Talibãs anunciam 'ofensiva de primavera' no Afeganistão

A estratégia, que recorda o líder do grupo rebelde morto em um ataque americano com drone em maio de 2016, empregará ataques convencionais e também operações de guerrilha

Agência France-Presse
postado em 28/04/2017 07:30
Cabul, Afeganistão - Os talibãs anunciaram nesta sexta-feira (28/4) o início de sua "ofensiva de primavera", que neste ano terá o nome de "Operação Mansuri", em homenagem ao seu antigo líder, o mulá Akhtar Mansur, e que estará centrada contra as forças estrangeiras.
"Os principais alvos da Operação Mansuri serão as forças estrangeiras, suas infraestruturas militares e de informação, e a eliminação de seus mercenários locais", revelou o grupo em um comunicado. "O inimigo será golpeado, morto ou capturado até que abandone sua última posição", disse o grupo. A estratégia, que recorda o líder do grupo rebelde morto em um ataque americano com drone em maio de 2016, empregará ataques convencionais e também operações de guerrilha.


O grupo também convocou seus partidários a realizar ataques suicidas, ataques complexos e operações "de dentro", quando soldados e policiais investem contra seus próprios companheiros. Apesar de manter suas operações no inverno, o Talibã geralmente amplia seus ataques com a chegada da primavera no hemisfério norte. O grupo reivindicou um ataque contra uma base militar no dia 21 de abril, uma ação que deixou 135 mortos e 64 feridos, segundo o ministério da Defesa.

Acredita-se que tenha sido o ataque mais mortal dos talibãs contra um alvo militar desde que eles foram expulsos do poder, em 2001. Cerca de 12.000 soldados das forças ocidentais, incluindo 8.400 americanos, estão mobilizados no Afeganistão sob o mandato da Otan, que lançou a "Operação Resolute Support" após a retirada de grande parte das forças estrangeiras, no fim de 2014, para formar e apoiar as forças afegãs.

No entanto, apesar deste apoio, o exército e a polícia afegãos sofrem grandes perdas: controlam apenas 57% dos distritos do país, segundo o Sigar, um organismo do Congresso em Washington que administra as atividades e os gastos americanos no país. O general John Nicholson, comandante do contingente americano em Cabul, estimou em fevereiro que serão necessários alguns milhares de soldados adicionais para acabar com os insurgentes.

O chefe do Pentágono, o general Jim Mattis, em viagem oficial na segunda-feira a Cabul, previu, por sua vez, um "ano difícil" para as tropas. Além dos talibãs, um braço local do grupo extremista Estado Islâmico também enfrenta o governo de Cabul, no leste. Desde o início do mês, três soldados americanos morreram nestes combates. O Afeganistão celebra nesta sexta-feira o "Dia dos Mujahedines", em homenagem aos combatentes que desde 1979 e a invasão soviética sacrificaram suas vidas para libertar o país.

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