A União Europeia (UE) abriu na quinta-feira em Bruxelas a "Casa da História Europeia", um novo museu com foco no passado mas que acena para o futuro, ao incluir o referendo sobre o Brexit nas suas exposições.
[SAIBAMAIS]O museu, que custou 55 milhões de euros, exibe botons da campanha bem-sucedida "Leave" (Deixar) e da fracassada "Remain" (Permanecer), junto com uma cédula do referendo do Brexit de junho passado, quando os britânicos decidiram sair do bloco.
Mas estas peças são apenas uma pequena parte de uma coleção de 1.500 objetos, provenientes de 300 museus europeus, que remonta à história turbulenta do continente, concentrando-se principalmente no século XX.
O museu oferece uma visão cronológica da "integração europeia", com exposições permanentes sobre as duas guerras mundiais, o Holocausto, a Guerra Fria e a formação da União Europeia.
Ao inaugurar o museu, o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, rejeitou as sugestões de que o local é um instrumento de propaganda para o bloco de 28 nações - que em breve terá apenas 27 - em um momento de crise.
"Aqui não há nenhuma linha a seguir, há muitas mensagens diferentes, nossa história e nossa herança estão aqui, nossos problemas e nossos desastres também", disse em uma entrevista coletiva.
"Mas estudando o passado, podemos ter um futuro melhor", acrescentou.
Para o presidente do conselho de direção do museu, Hans-Gert Pottering, a exposição celebra os "valores" europeus em um momento em que o populismo crescente e a instabilidade os coloca em questão.
"Na política e especialmente na União Europeia, tudo está em perigo. E se nós não defendemos a União Europeia, ela pode ter um futuro muito difícil", afirmou.
"Pessoa muito trágica"
Pottering disse que a decisão de incluir peças do referendo de junho de 2016 sobre a permanência do Reino Unido na UE foi tomada pelo pessoal do museu, sem qualquer influência externa.
"Isso mostra que a equipe é totalmente independente", afirmou.
Ele acrescentou que o ex-primeiro-ministro britânico David Cameron, que convocou o referendo, é "uma pessoa muito trágica", pelo "que ele fez à Europa e especialmente ao seu próprio país".
O material do referendo do Brexit, que também inclui uma camiseta vermelha da campanha do "Leave", está no sétimo e último andar do museu, um pouco escondido em um canto de um mostrador que exibe o Prêmio Nobel da Paz da UE, de 2012.
As exposições não contêm quase nenhum cartaz explicativo. Em vez disso, os visitantes têm à sua disposição tablets nas 24 línguas oficiais da UE que podem localizar sua posição nas galerias.
O museu, que será gratuito para o público, está localizado no edifício Eastman - originalmente uma clínica odontológica criada em 1935 pelo fundador da Kodak, George Eastman, no Parc Leopold, no bairro europeu de Bruxelas.
A construção da Casa da História Europeia sofreu vários atrasos desde que o projeto foi anunciado, em 2007, e sua abertura estava prevista inicialmente para 2014.
Taja Vovk van Gaal, líder do projeto acadêmico do museu, admitiu que foi desafiador definir um formato para uma coleção que abrange tantos países.
"Foi bastante difícil abordar a questão do que é a história europeia e como ela pode ser apresentada agora no museu", disse.
"A política da coleção tentou obter diferentes perspectivas sobre o mesmo evento. O mesmo aconteceu com o referendo sobre o Brexit", acrescentou.