Os países da Organização de Estados Americanos mantêm os planos de celebrar uma reunião de chanceleres para discutir a crise na Venezuela, apesar da decisão deste país de iniciar sua saída do bloco, afirmaram fontes diplomáticas nesta sexta-feira.
[SAIBAMAIS]A reunião dos ministros do continente pode ser realizada em 22 de maio, em Washington, segundo uma proposta preferencial, que deve ser aprovada no Conselho Permanente na próxima semana, disseram à AFP vários embaixadores no organismo.
O papel que a OEA pode desempenhar na Venezuela ficou coberto de incertezas depois que o país sul-americano deu início formal há uma semana em sua saída do organismo multilateral e sua delegação advertiu que não participará das reuniões.
De fato, o assento da Venezuela permaneceu vazio nesta sexta-feira na primeira sessão do Conselho Permanente, após a notificação de Caracas, durante uma reunião para receber os candidatos à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Mas as diplomacias da região insistem em que os chanceleres ainda podem ter algum efeito em encontrar saídas para a profunda crise política, que há pouco mais de um mês transbordou nas ruas, deixando 36 mortos em protestos e distúrbios.
"O peso político de um sinal do pensamento da maioria dos chanceleres do continente tem uma importância substancial em todo este processo", disse o embaixador da Colômbia, Andrés González.
Ao final de uma reunião com o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, o chanceler chileno, Heraldo Muñoz, sugeriu uma oportunidade para uma iniciativa continental, lembrando que a saída da Venezuela da organização "vai demorar dois anos".
Neste período, a Venezuela continuará formalmente integrada à OEA, sendo até então objeto das decisões tomadas pelos outros 33 países-membros.
"A reunião buscará soluções para a situação e não a suspensão da Venezuela" da OEA, disse um embaixador, que pediu para ter sua identidade preservada.
Muñoz, que mais cedo também conversou sobre o tema com seu contraparte americano, Rex Tillerson, reiterou que buscarão encontrar "uma saída negociada com garantias" na Venezuela, que ponha fim à violência e restaure a ordem democrática e constitucional, evocando as recentes declarações do papa Francisco.
Caracas tacha a convocação dos chanceleres, aprovada por 19 dos 34 países ativos - como uma ação intervencionista.