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Um Pissarro confiscado durante a guerra reaparece em museu de Paris

"La cueillette des pois" (colheita de ervilhas), uma pintura em guache feita em 1887 por Camille Pissarro, o "primeiro impressionista", era um dos 93 quadros da coleção de Simon Bauer

Agência France-Presse
postado em 06/05/2017 14:25
Paris, França - Um quadro de Pissarro confiscado sob a ocupação alemã reapareceu por ocasião de uma exposição no Museu Marmottan de Paris. Os descendentes de um colecionador judeu espoliado em 1943 solicitam que a obra permaneça na França e querem que seja restituída. "La cueillette des pois" (colheita de ervilhas), uma pintura em guache feita em 1887 por Camille Pissarro, o "primeiro impressionista", era um dos 93 quadros da coleção de Simon Bauer, nascido em 1862, grande apreciador de arte que fez fortuna no setor de calçados.

[SAIBAMAIS]No verão de 1944, Bauer foi mandado para o campo de concentração de Dracy, na região parisiense, e escapou da deportação e exterminação graças a uma greve ferroviária. Um ano antes, sua coleção foi confiscada e vendida por um marchand nomeado pelo Comissariado de Questões Judias da França de Vichy.

Quando foi libertado, em setembro de 1944, Simon Bauer começou a procurar seu quadros, mas só conseguiu recuperar uma pequena parte da coleção até sua morte, em 1947. A partir de então, seus descendentes deram continuidade a essa busca. Seu neto, Jean Jacques Bauer, hoje com 87 anos, soube recentemente que a obra "La cueillette des pois" está exposta no Museu Marmottan com motivo da retrospectiva dedicada a Pissarro.

A tela foi emprestada ao museu parisiense por um casal americano, os Toll, que a compraram em 1995 na casa de leilões Christie;s de Nova York. Em 1965, os descendentes de Simon Bauer souberam que os quadros, entre eles "La cueillette des pois", tinham sido contrabandeados. Levaram o caso à justiça, mas o juiz ordenou a apropriação e o marchand americano que tinha acabado de comprá-los pôde ir embora com eles. Mais tarde, em 1966, foram vendidos pela casa Sotheby;s em Londres.

Na sexta-feira, Jean Jacques Bauer solicitou ao Tribunal de Alta Instância de Paris que a obra seja colocada sob custódia judicial para, em seguida, dar início a um processo para resolver a questão da propriedade da tela. Enquanto isso, "é necessário que este quadro permaneça na França", disse seu advogado, Cédric Fischer. Nesta "situação histórica, factual e juridicamente complicada", "é necessário que o juiz francês possa decidir com total serenidade, sem precipitação", acrescentou. O casal Toll se opõe ao bloqueio da obra. A Justiça se pronunciará em 30 de maio.

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