Agência France-Presse
postado em 08/05/2017 22:22
Ao menos 50 civis foram detidos por ordem de tribunais militares venezuelanos por crimes cometidos durante os protestas contra o presidente Nicolás Maduro, denunciou nesta quarta-feira a ONG Foro Penal.
"Até agora foram apresentadas aos tribunais militares 75 pessoas", e 50 receberam ordem de detenção, disse à AFP o advogado Alfredo Romero, diretor da Foro Penal, que assessora presos.
Para esta segunda-feira estava previsto o comparecimento de outros 40 civis, acrescentou Romero, que denunciou a "ilegalidade" do julgamento de civis por tribunais militares.
As audiências começaram na sexta-feira passada, em um quartel de Valencia - capital do estado de Carabobo - onde nos dias 2 e 4 de maio os protestos contra o presidente Nicolás Maduro deixaram um morto e vários feridos e detidos, em meio a uma onda de saques.
Os 50 civis detidos por ordem dos tribunais militares foram enviados a uma prisão do estado de Guárico, segundo o jurista Luis Betancourt, do Foro Penal, que denuncia outras 11 detenções com as mesmas características, entre 4 e 30 de abril, em Caracas e no estado de Lara (oeste).
Romero assinalou que não se sabe o número total de civis detidos que serão julgados pelos tribunais militares, já que muitos estão "incomunicáveis".
Os civis são acusados de rebelião e vilipêndio, revelou o jurista, acrescentando que "incorporam crimes que nada tem a ver com a acusação".
Segundo a oposição, o Ministério Público tem se negado a acusar os manifestantes, o que leva o governo a recorrer às cortes marciais.
Maduro afirma que os protestos degeneraram em "atos terroristas".