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Trump esboça política para América Latina baseada em economia e segurança

As prioridades são promover a soberania dos EUA, aplicar as leis comerciais americanas, aproveitar a pujança econômica dos Estados Unidos para expandir as exportações de bens e serviços americanos



O governo de Donald Trump esboçou nessa terça-feira (9) os pilares de sua política para a América Latina, baseada na "segurança nacional e na prosperidade econômica", embora com enfoque comercial mais protecionista, em linha com as prioridades governamentais. A informação é da Agência EFE.

O secretário de Comércio dos Estados Unidos (EUA), Wilbur Ross, e o encarregado para a América Latina no Departamento de Estado, Francisco Palmieri, defenderam a política de Trump para a região durante a Conferência das Américas, que é realizada anualmente em Washington.

"Uma política exterior que esteja baseada na segurança nacional e na prosperidade econômica é algo que se encaixa de maneira natural em nossos interesses neste continente e com a forma com que este continente se relaciona conosco", disse Palmieri, que ocupa de forma interina o cargo de secretário adjunto dos EUA para a América Latina.

"Economias fortes e saudáveis na região são boas tanto para os Estados Unidos quanto para o nosso continente. Por isso, este governo está comprometido em aumentar a segurança e potencializar o crescimento econômico" na região, assegurou o funcionário.

[SAIBAMAIS]Trump quer ver "um hemisfério seguro, democrático e livre, uma região com lei e ordem dentro de suas fronteiras, nas quais se feche a passagem para redes criminosas transnacionais e para as vias de atividade ilícita", na quais também "o terrorismo não possa arraigar-se", segundo Palmieri.

Os Estados Unidos estão interessados em manter seu intercâmbio comercial com a região, à qual exporta um volume três vezes maior do que envia à China, ao Japão e à Índia juntos", mas esse negócio deverá ajustar-se às quatro "prioridades" de Trump no comércio, destacou o funcionário.

As prioridades são "promover a soberania dos EUA, aplicar as leis comerciais americanas, aproveitar a pujança econômica dos Estados Unidos para expandir as exportações de bens e serviços americanos e proteger os direitos de propriedade intelectual" do país, detalhou Palmieri.

Para impulsionar essas prioridades, lembrou, o novo governo está "revisando os tratados comerciais existentes", em particular o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta), em vigor desde 1994 entre os Estados Unidos, o Canadá e o México.

O secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, disse que quer buscar "um calendário mais agressivo" para renegociar o Nafta, diante da vontade das autoridades mexicanas de encerrar as negociações antes do fim deste ano.

"Os Estados Unidos não serão uma fonte de atraso", destacou Ross, prometendo que logo a carta será enviada ao Congresso, com 90 dias de antecedência, um requisito formal para o início das conversas.

"Não buscamos uma guerra comercial com ninguém, e menos com nossos aliados da América Latina", disse Ross, garantindo que "a imposição de tarifas" será empregada apenas "quando as outras ferramentas falharem".

Além disso, Trump está preocupado com a situação na Venezuela, um tema que o governante tratou em várias conversas com seus homólogos no continente, lembrou Palmieri. "O povo da Venezuela está sofrendo com a repressão e a má gestão econômica", afirmou.

"A solução dos problemas da Venezuela não é menos democracia, senão mais democracia", acrescentou Palmieri, em referência ao processo iniciado por Caracas para deixar a Organização dos Estados Americanos (OEA) e convocar uma Assembleia Constituinte a fim de modificar a Constituição. "O regime [de Nicolás Maduro] continua em choque frontal com a região e com seu próprio povo", disse o funcionário.

O senador republicano Marco Rubio, que falou na Conferência das Américas, considera que a mudança no país só pode ocorrer "nas urnas, de nenhuma outra maneira". Também na conferência, o senador republicano John McCain afirmou que Trump deve adotar papel mais pró-ativo na Venezuela.

"Por que não alçamos a voz por aqueles que estão agora mesmo nas ruas, arriscando suas vidas e seu conforto? Há um líder da oposição encarcerado, por que o presidente Trump não menciona seu nome?", perguntou McCain em referência ao opositor venezuelano Leopoldo López.