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Mulher de opositor venezuelano cobra ativismo do Brasil

O marido de Lilian Tintori, Leopoldo López, foi condenado a mais de 15 anos de prisão

Rodrigo Craveiro
postado em 11/05/2017 17:51
O marido de Lilian Tintori, Leopoldo López, foi condenado a mais de 15 anos de prisão
A ativista venezuelana Lilian Tintori, mulher do líder opositor venezuelano Leopoldo López, está em Brasília para buscar apoio contra a repressão exercida pelas forças de Nicolás Maduro. Por volta das 18h30 desta quinta-feira (11/5), ela será recebida, em audiência, pelo presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto, se tornando a primeira opositora a se encontrar com um chefe de Estado brasileiro. López, marido de Lilian, foi condenado a mais de 13 anos de prisão e cumpre a sentença na penitenciária militar de Ramo Verde, a 40km de Caracas. Até a semana passada, foi mantido em isolamento por pelo menos um mês.

Em entrevista ao Correio, Tintori disse que espera uma posição de liderança do Brasil para exercer pressão democraticamente a favor das eleições presidenciais na Venezuela ainda neste ano. ;Quando um país está em profunda crise humanitária, política e econômica, ele necessita de apoio internacional. Tenho esperança de que o Brasil se levante;, afirmou.

"Nosso propósito foi trazer todos os detalhes da ditadura. Mostrar como, na Venezuela, há uma ditadura repressiva, sem Estado de direito, sem autonomia de poderes. Estamos em um momento-chave para conseguir mudar a ditadura por uma democracia. Queremos pedir ao Brasil, em especial ao presidente Temer, que alce voz de forma contundente, que rechace a Venezuela e que ajuda a liderar a mudança na Venezuela, com eleições presidenciais neste ano."

Tintori responsabilizou Maduro pelas 42 mortes nos últimos 40 dias, durante a forte repressão exercida pela Guarda Nacional Bolivariana e pela Polícia Nacional Bolivariana. ;Ele é quem manda disparar, ele é quem oprime e bloqueia as ruas. A única responsabilidade recai sobre Maduro. Eu lhe peço, uma vez mais, que pare de reprimir e deixe o povo se expressar. Tomara que não cheguemos a um levante social, pois o único responsável seria Maduro.;

Pela manhã, Tintori visitou o Congresso Nacional e se reuniu com o presidente em exercício do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), e com o senador Aecio Neves (PSDB-MG). Além do encontro com Temer, ela seria recebida hoje por Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, e pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes.
A venezuelana também comentou os 35 dias sem ter quaisquer notícias do marido. "Foi um período muito difícil. Ninguém viu Leopoldo, nem falou com ele. Vivemos rumores muito fortes ao redor de seu cárcere. Disseram-nos que ele estaria em um hospital, em graves condições de saúde e que tinha sido morto. Eu lutei muito para vê-lo. Protestávamos todos os dias em Ramo Verde", lembra.
Na semana passada, Tintori conseguiu acesso ao esposo. "Ele está firme e forte, mas ainda incomunicável e isolado. Eles o castigam sem razão e querem que Leopoldo nada saiba do que se passa nas ruas da Venezuela. Ele me pediu resistência. Por tudo o que lhe contei durante a visita, Leopoldo sente que este é o momento e que logo a Venezuela vai chegar à democracia."

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