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Aposentados venezuelanos vão às ruas para protestar contra Maduro

Em choques cada vez mais frontais, os agentes de ordem pública usam bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água

Agência France-Presse
postado em 12/05/2017 10:21
A oposição venezuelana voltará às ruas nesta sexta-feira para protestar contra o presidente Nicolás Maduro, mas desta vez serão os "avós" que encabeçarão a marcha, um desafio para os policiais e os black blocs, que protagonizaram choques violentos em seis semanas de mobilizações.

"Por nossos netos" é o lema com que a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) convocou os aposentados para marchar até a sede da Defensoria do Povo, a qual acusam de servir ao governo.

Até agora, as forças de segurança não deixaram que os manifestantes cheguem ao centro de Caracas, onde estão o Palácio Presidencial de Miraflores e os poderes públicos.

Em choques cada vez mais frontais, os agentes de ordem pública usam bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água, e os manifestantes respondem com pedras, pedaços de madeira, metal, coquetéis molotov e, inclusive, excrementos.

Corte marcial


[SAIBAMAIS]Na noite de quinta-feira, Maduro advertiu os opositores que protestam contra seu governo de que serão julgados por cortes marciais se atacarem instalações militares.

Maduro destacou que vários manifestantes já foram detidos e serão julgados pela Justiça militar após causarem danos à base aérea La Carlota, no leste de Caracas.

"Se forem capturados atacando uma base militar irão para a Justiça militar. Qualquer um que for capturado atacando bases militares irá para onde deve ir: a Justiça", disse Maduro em um ato público no qual voltou a denunciar os protestos da oposição, que já deixaram 38 mortos desde 1; de abril.

No dia 1; de maio, um grupo de manifestantes opositores entrou em La Carlota, após romper uma barreira de proteção, durante um protesto contra Maduro.

Segundo a ONG de direitos humanos Fórum Penal, 118 pessoas foram levadas a cortes marciais no estado de Carabobo e outras 19 em Falcón, no noroeste do país, e 73 permanecem detidas por "rebelião".

Estas pessoas foram detidas durante manifestações contra o governo e saques ocorridos na semana passada.

Maduro revelou ainda ter determinado a sanção de militares e policiais envolvidos em abusos contra civis, após as denúncias de agressões por parte das forças da ordem nos protestos em Caracas.

"Ordenei uma investigação e o castigo de qualquer funcionário que abuse da força física contra qualquer cidadão. Não vou tolerar isto".

Mas o presidente também exigiu que se "investigue e castigue o chamado golpe de Estado, o incêndio em escolas e a agressão permanente à Guarda Nacional e à Polícia".

Maduro lamentou a morte de um jovem de 27 anos nas manifestações de quarta-feira em Caracas, mas destacou que a bala que o vitimou não é do calibre utilizado pelas forças de segurança.

O presidente garantiu que o "golpe de Estado" será derrotado com a instalação de uma Assembleia Constituinte "popular" para reformar a Carta Magna de 1999.

"Nada nem ninguém vai deter" o processo para a Constituinte.

O presidente disse ter sido obrigado, então, a convocar uma Constituinte para reforçar a Constituição impulsionada por seu mentor, o falecido presidente Hugo Chávez, e conseguir a reconciliação do país.

A oposição descarta participar da Constituinte, porque metade dos 500 constituintes serão eleitos entre setores controlados pelo chavismo, o que em sua avaliação nega o voto universal. Maduro afirma que será "popular" e não de "elites".

A Constituinte deixa em suspenso as eleições presidenciais de dezembro de 2018, e as votações para governadores (adiadas em 2016) e prefeitos (2017).

As manifestações, que exigem a saída de Maduro através de eleições gerais, começaram em 1; de abril, depois que o Tribunal Supremo Justiça assumiu temporariamente as funções do Legislativo, o único poder controlado pela oposição.

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