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Detidos mafiosos italianos que administravam fundos para migrantes

De acordo com a polícia de Catanzaro, o clã administrava há mais de 10 anos uma elevada quantia de dinheiro público destinado ao centro de Isola Capo Rizzuto, com capacidade para 1.500 pessoas

Agência France-Presse
postado em 15/05/2017 10:35
Roma, Itália -Um total de 68 pessoas foram detidas na Itália por integrar uma rede da máfia calabresa ;Ndrangheta; que controlava recursos públicos para um centro de recepção de migrantes com a cumplicidade de uma associação católica, anunciou a polícia de Catanzaro (Calabria, sul).

Mais de 500 policiais participaram da operação contra o clã Arena, uma das famílias da organização criminosa calabresa, acusada de se apropriar de forma ilegal dos fundos para um dos maiores centros de recepção da Europa, onde são abrigados especialmente migrantes refugiados que chegam ao sul da península pelo mar.

De acordo com a polícia de Catanzaro, o clã administrava há mais de 10 anos uma elevada quantia de dinheiro público destinado ao centro de Isola Capo Rizzuto, com capacidade para 1.500 pessoas.

Entre os detidos está Leonardo Sacco, de 35 anos, diretor da Associação Católica La Misericordia, e administrador do centro.

De acordo com a imprensa italiana, um padre local também está na lista de suspeitos por recibos falsificados e serviços de emergência de mais 100.000 euros em apenas um ano.

A investigação começou após as denúncias pela qualidade ruim dos serviços prestados aos migrantes (alojamento, comida, etc.), que não corresponde ao valor repassado pelo Estado.

A Itália, um dos países que recebe mais pessoas que utilizam o Mediterrâneo para fugir das guerras e da fome, abriga atualmente 175.000 migrantes em vários centros de acolhida espalhados por seu território.

Os centros são administrados por cooperativas, mas financiados pelo Estado, que destinou um orçamento de quase três bilhões de euros para 2017.

Na Calabria, o clã Arena também foi investigado por outros crimes, incluindo desvio de verbas na construção de uma parque eólico por 350 milhões de euros.

De acordo com os investigadores, a máfia calabresa, através da associação católica, também se apropriava dos recursos para outros centros da região e inclusive da ilha de Lampedusa, que fornece o primeiro abrigo.

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