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Israel desclassifica milhares de arquivos da Guerra dos Seis Dias

A publicação das atas do "gabinete de segurança" israelense permite o acesso inédito a informações sobre esta guerra, que já é alvo de muitas pesquisas e trabalhos históricos

Agência France-Presse
postado em 18/05/2017 14:15
Jerusalém, Undefined - Israel desclassificou nesta quinta-feira milhares de documentos oficiais que datam da Guerra dos Seis Dias e que relatam as discussões das autoridades israelenses sobre o futuro da Cisjordânia, cuja ocupação há 50 anos é o centro do conflito entre israelenses e palestinos.

Os arquivos nacionais israelenses publicaram milhares de documentos, gravações e depoimentos da guerra de 05 a 10 de junho de 1967, bem como das semanas anteriores e seguintes.

No final do conflito, que opôs Israel ao Egito, Jordânia e Síria, o Estado judeu ocupou a Cisjordânia, Gaza, Jerusalém Oriental, as Colinas de Golã e a Península egípcia do Sinai.

A publicação das atas do "gabinete de segurança" israelense permite o acesso inédito a informações sobre esta guerra, que já é alvo de muitas pesquisas e trabalhos históricos.

Em 15 de junho de 1967, cinco dias após o fim da guerra, os ministros do gabinete de segurança discutiram as diversas opções para os territórios ocupados.

O ministro das Relações Exteriores da época, Abba Eban, alertou para um potencial "barril de pólvora" e os riscos da ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, manifestando os termos de um debate que ainda divide a sociedade israelense.

"Aqui temos a presença de duas populações, uma beneficia de todos os direitos civis e a outra tem todos esses direitos negados", declarou Eban em um trecho publicado pela imprensa israelense.

"É um quadro com duas classes de cidadãos que é difícil de defender, mesmo no contexto da história judaica. O mundo tomará partido do movimento de libertação deste um milhão e meio" de palestinos, acrescentou.

A possibilidade de transferir os palestinos para outro país foi avaliada durante a reunião do gabinete de segurança. O primeiro-ministro Levi Eshkol disse: "se dependesse de nós, gostaríamos de enviar todos os árabes para o Brasil".

Ao que o ministro da Justiça, Yaacov Shimshon Shapira, objetou: "Eles são os habitantes desta terra e agora vocês os controlam. Não há nenhuma razão para expulsar os árabes e transferi-los para o Iraque".

E Lévi Eshkol respondeu: "Não seria um grande desastre (...) Nós não nos infiltramos aqui, o território de Israel é nosso por direito".

Estes documentos permitem também acompanhar a evolução moral do governo durante a guerra, o medo por sua explosão, a euforia após a destruição da força aérea egípcia e as vitórias israelenses nas frentes jordaniana e síria.

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