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Grupo Estado Islâmico reivindica atentado de Manchester

Comunicado foi publicado pelo EI em um de seus canais de comunicação nas redes sociais

Cairo, Egito - O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta terça-feira em um comunicado o atentado que deixou ao menos 22 mortos e 59 feridos na segunda-feira à noite na saída de um show da cantora Ariana Grande em Manchester, oeste da Inglaterra.
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Um comunicado publicado pelo EI por meio de um de seus canais de comunicação nas redes sociais indica que "um dos soldados do califado colocou uma bomba no meio da multidão" durante o show. O grupo também ameaça cometer outros ataques.

O autor do atentado suicida pretendia provocar a maior carnificina possível com o ataque, que tem crianças e adolescente entre as vítimas, afirmou nesta terça-feira a primeira-ministra britânica Theresa May. A polícia também anunciou a detenção, relacionada à investigação do caso, de um homem de 23 anos na zona sul de Manchester.

"Sabemos que apenas um terrorista explodiu um artefato de fabricação caseira perto de uma das saídas do local, escolhendo deliberadamente o momento e o local para provocar uma carnificina máxima", disse May em Downing Street. A primeira-ministra informou que a polícia acredita conhecer a identidade do autor do atentado, executado na Manchester Arena ao final do show da cantora pop americana.

"A polícia e as forças de segurança acreditam conhecer a identidade do criminoso, mas neste ponto das investigações não podem confirmar seu nome", declarou. As forças de segurança "acreditam que o atentado foi cometido por apenas um homem, mas precisam saber se atuava sozinho ou era parte de um grupo", completou a primeira-ministra, que presidiu uma reunião urgente do gabinete de Segurança.

A rainha Elizabeth II chamou de "ato bárbaro" o atentado suicida de Manchester na segunda-feira à noite. "A nação inteira está chocada (...) expresso minha mais profunda simpatia a todos os afetados por esse terrível evento, em particular as famílias e próximos daqueles que foram mortos ou feridos" neste "ato bárbaro", declarou a rainha em um comunicado.

"Sei que falo em nome de toda a nação ao expressar minha mais profunda solidariedade com todos que foram afetados por este ato espantoso, e especialmente às famílias e amigos de todos os que morreram e ficaram feridos", completou. O ataque de Manchester é o mais grave no Reino Unido desde julho de 2005, quando vários atentados suicidas deixaram 52 mortos, incluindo quatro terroristas, e 700 feridos no metrô e em um ônibus de dois andares de Londres. Esta ação foi reivindicada por um grupo que dizia pertencer à Al-Qaeda.

May viajará até Manchester nesta terça-feira para observar os efeitos do que chamou de "um dos piores atos terroristas da história deste país". O criminoso atuou "deliberadamente contra crianças e jovens que deveriam estar desfrutando uma das melhores noites de suas vidas".

May confirmou o balanço de mortos e feridos e disse que muitas pessoas recebem atendimento por "ferimentos que ameaçam suas vidas". O terrorista detonou a bomba ao final do show, perto de uma das saídas da arena.

Busca por familiares
As redes sociais estavam repletas de pedidos de ajuda para encontrar parentes. No hotel Holiday Inn, vizinho à Manchester Arena, mais de 40 jovens aguardavam por seus pais. Charlotte Campbell afirmou a vários canais de TV que não conseguia encontrar a filha Olivia, de 15 anos.

"Tudo o que sei é que estava na Manchester Arena com uma amiga assistindo a Ariana Grande e ainda não apareceu", disse ao programa Good Morning Britain. "Não consigo entrar em contato com ela. Liguei para hospitais, para todos os lugares, os hotéis onde afirmaram que as crianças estavam esperando".

Um casal de adolescentes, Liam Curry e a namorada, seguem desaparecidos. O primo do jovem afirmou à rádio Heart que "Liam perdeu o pai há alguns meses, então faziam coisas para superar o luto, como ir ao show". "Todo mundo acreditava que teriam um momento feliz, até que acordamos esta manhã", disse.

Cinco segundos de silêncio pavoroso
"A arena ficou pavorosamente em silêncio durante cinco ou seis segundos, que pareceram mais longos, e depois todo mundo correu em todas as direções", afirmou à AFP Kennedy Hill, uma adolescente que estava no show da cantora americana.

A mãe da jovem, Stephanie Hill, disse que as pessoas perderam os sapatos e os telefones na tentativa desesperada de fugir do local. "Havia muitas crianças e adolescentes como minha filha no show. É uma tragédia", lamentou. "Alguns pais carregavam as filhas nos braços com lágrimas", contou à AFP Sebastian Díaz, um jovem de 19 anos de Newcastle.

"Permaneceremos fortes, vamos continuar unidos, porque somos assim. Isto é o que fazemos, eles não vencerão", disse o prefeito de Manchester, Andy Burnham. O prefeito de Londres, Sadiq Khan, anunciou o reforço da segurança nas ruas da capital da Inglaterra.

"Estou em contato constante com a Polícia Metropolitana, que está revisando o dispositivo de segurança em Londres. Os londrinos verão mais policiais em nossas ruas", disse Khan. Ariana Grande tinha uma apresentação prevista para a Arena O2 de Londres na quinta-feira. "Devastada. Do fundo do meu coração, sinto muito. Não tenho palavras", escreveu a cantora no Twitter.


Condenações em todo o mundo

O atentado provocou reações de condenação em todo o planeta. O presidente americano Donald Trump condenou os "perdedores maléficos" por trás do atentado. "Tantos jovens, belos, inocentes vivendo e apreciando suas vidas assassinados por perdedores maléficos", afirmou Trump durante uma visita ao Oriente Médio. "Eu não vou chamá-los de monstros porque eles gostariam do termo. Eles pensariam que é um grande nome".

A chanceler alemã Angela Merkel expressou sua "tristeza e horror", enquanto o presidente russo Vladimir Putin declarou que está disposto a "desenvolver a cooperação antiterrorista" após o atentado "cínico e desumano". O presidente da França, Emmanuel Macron, expressou "horror e consternação" com o atentado.

O atentado provocou a suspensão dos atos da campanha para as eleições de 8 de junho na Grã-Bretanha e aconteceu exatamente dois meses depois do ataque perto do Parlamento de Londres que deixou cinco mortos, quando um homem avançou com seu carro contra uma multidão e esfaqueou um policial.

O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos anunciou "medidas de segurança reforçadas em e nos arredores dos locais e eventos públicos". O nível de ameaça de atentados no Reino Unido é "severo", o segundo mais elevado na escala do governo, e significa que é altamente provável que aconteçam atentados. O nível mais elevado na escala é o "crítico", ativado em caso de ameaça iminente.