Agência France-Presse
postado em 28/05/2017 18:09
Os investigadores britânicos continuavam neste domingo a sua investigação sobre o ataque de Manchester, com a detenção da 13; pessoa, um jovem de 19 anos, e um chamado a possíveis testemunhas, enquanto a cidade celebrava sua tradicional meia maratona.
A popular corrida de rua, Great Manchester Run, reuniu muitos moradores que incentivavam em voz alta os corredores, demonstrando o seu compromisso com a sua cidade.
Alguns corredores estavam vestidos de super-heróis ou bombeiros, uma expressão de gratidão para com os socorristas.
Neste domingo, a Polícia fez duas novas detenções em Manchester como parte da investigação do atentado que deixou 22 mortos e 116 feridos, incluindo crianças e adolescentes, quando Salman Abedi, de 22 anos, detonou os explosivos que levava consigo depois de um show, segunda à noite, da cantora pop americana Ariana Grande no Manchester Arena.
Um jovem de 19 anos foi detido por vínculos com o atentado. Ele foi detido na região de Gorton, sudeste da cidade, por suspeitas de crimes que violam a lei antiterror.
Mais cedo, um suspeito de 25 anos tinha sido detido no bairro de Old Trafford. Uma operação de busca também foi realizada em Moss Side, bairro do sul da cidade.
Com estas novas detenções, subiu para 13 o número de pessoas presas no Reino Unido vinculadas a esta investigação.
A Polícia publicou no sábado à noite fotos do homem-bomba, lançando um apelo a testemunhas para tentar estabelecer seus últimos passos.
As duas fotos, capturadas de imagens de câmeras de vigilância, mostram Abedi na noite do ataque. O britânico de origem líbia usava boné e carregava uma mochila. De óculos, vestia jaqueta preta, calça jeans e tênis.
O ataque foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), que tem multiplicado os ataques na Europa, enquanto sofre importantes derrotas em seus territórios na Síria e no Iraque.
Os investigadores querem coletar toda informação sobre as ações do homem-bomba desde 18 de maio, quando "regressou ao Reino Unido". De acordo com uma fonte próxima à família, Abedi se encontrava na Líbia alguns dias antes do ataque. A polícia alemã indicou, por sua vez, que ele fez escala no aeroporto de Dusseldorf.
Abedi alugou um apartamento no centro da cidade, de onde saiu para o local do show. Este imóvel interessa os investigadores, que acreditam que "poderia ser o local onde montou o dispositivo" explosivo utilizado no atentado, segundo o delegado Ian Hopkins e o responsável pela agência antiterrorista Neil Basu.
Identificado em duas horas
A polícia também forneceu detalhes sobre a maneira como a investigação avançou desde a segunda-feira. O homem-bomba foi identificado em "duas horas" e "informações interessantes sobre Abedi, sua família, suas finanças, locais onde esteve, o modo como o dispositivo explosivo foi fabricado e a conspiração mais ampla" foram estabelecidas.
Um total de 1.000 agentes foram mobilizados para analisar mais de 800 peças de evidência (incluindo 205 documentos digitais) e realizar as operações de busca em 18 lugares diferentes, enquanto cerca de 13.000 horas de imagens de câmeras de segurança foram analisadas.
Onze pessoas estão atualmente em prisão preventiva no Reino Unido como parte desta investigação.
O pai e um dos irmãos do homem-bomba foram presos na Líbia. O pai era membro do Grupo Islâmico de Combate Líbio (GICL), ativo na década de 1990, e que se opunha ao regime do ditador Muammar Kadhafi, derrubado em 2011, segundo indicou na quinta-feira à AFP um oficial da segurança em Trípoli.
Dado os avanços da investigação, o nível de alerta terrorista no Reino Unido foi rebaixado no sábado de "crítico" para "grave", segundo a primeira-ministra Theresa May. Isto significa que um ataque é "altamente provável", mas não "iminente".
Theresa May, no entanto, chamou os britânicos a "permanecer vigilantes". Ela disse que o Exército permaneceria implantado até o término deste final de semana prolongado.
Paralelamente, os moradores de Manchester retomavam a vida normal, afastando a tensão e o medo do terrorismo.
O atentado colocou a segurança no centro da campanha eleitoral das legislativas de 8 de junho, retomada na sexta-feira depois de ser suspensa em razão do ataque. A luta contra o terrorismo deve ocupar grande parte do debate televisionado na próxima semana.