Agência France-Presse
postado em 31/05/2017 11:06
Caracas, Venezuela - O processo de inscrição dos candidatos para a polêmica Assembleia Constituinte convocada pelo presidente da Venezuela Nicolás Maduro começa nesta quarta-feira em meio aos protestos da oposição e marchas do chavismo. O Poder Eleitoral convocou aqueles que desejam ser candidatos a se registar entre quarta e quinta-feira em seu site. A coalizão de oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD) afirmou que não vai participar de um mecanismo que considera "fraudulento".
"O país inicia o caminho da Constituinte, um grande dia chegou (...) Inscrevam-se, candidatos e candidatas, para a Assembleia Constituinte", celebrou Maduro na terça-feira à noite em uma breve declaração à televisão estatal VTV. No entanto, na parte da manhã, problemas eram registrados para acessar o site do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
A oposição anunciou que vai aumentar os protestos contra Maduro, que já deixaram 60 mortos em dois meses, considerando que o sistema eleitoral proposto para a Assembleia Constituinte é "uma fraude" que permitirá ao chavismo obter a maioria mesmo que perca a votação.
Um dos principais líderes do MUD, Henrique Capriles, considerou que seria "uma traição" se alguns opositores se inscrevessem no processo. Os adversários de Maduro vão tentar marchar nesta quarta-feira até a sede do ministério das Relações Exteriores, no centro de Caracas. Todas as vezes que a oposição tentou alcançar a região foi repelida pela polícia e o Exército, em meio a nuvens de gás lacrimogêneo.
A manifestação coincide com uma reunião de chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Washington para discutir a crise na Venezuela, cujo anúncio levou o governo a retirar o país do organismo. Os partidários de Maduro também se mobilizam em apoio à Assembleia Constituinte no centro da capital, o que coincidirá com a nomeação dos líderes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
A votação para a Assembleia Constituinte, marcada pelo CNE para o final de julho, mistura votações diferenciais por municípios e por setores sociais previamente definidos por Maduro. Os candidatos devem recolher assinaturas equivalentes a 3% dos eleitores dos municípios ou setores sociais que esperam representar.