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Leia depoimento de brasileira em Londres

Michelle Bastos Lage Ferreira diz que 'não percebemos nenhum movimento diferente das pessoas que estavam ali também'


Natural de Goiânia, Michelle Bastos Lage Ferreira, 40 anos, gerente executiva de qualidade e processos, está em Londres. Em depoimento ao Correio, ela conta como foi o dia de hoje na capital inglesa.

"Chegamos em Londres no início da tarde deste sábado, um dia ensolarado e com muito trânsito...
Depois de tudo acomodado (estamos hospedados a uma estação da London Bridge), decidimos ir ao Camden Market. Pegamos o metrô e seguimos. Chegando lá, muita gente na rua e o deslocamento um tanto confuso, mas normal para um sábado. Saímos de lá em busca de um pub para assistir à final da Champions.... No caminho, nos deparamos com uma cena já inusitada: um rapaz, que acabara de ser preso, ainda sendo segurado pelo policial que aguardava reforço (não soubemos o motivo da prisão). Para nós, aquela cena pareceu estranha, mas para os demais que ali estavam, não causou qualquer surpresa, tanto que ninguém mudou a sua rota por causa daquela situação.

Um pouco mais adiante, vimos uma movimentação intensa de policiais e carros de polícia%u200B, a todo momento, com sirenes ligadas. Todos os locais lotados, decidimos seguir para Trafalgar square. Ali, conseguimos sentar em um pub e por ali ficamos por ali até por volta das 22h. Para facilitar o nosso trajeto, pegamos ali o metrô, para voltar a uma estação que nos permitisse ir até a London Bridge. De lá, chegaríamos%u200B em "casa". Na estação antes da London Bridge, ouvimos no som que a mesma estava fechada, por isso o metrô passaria direto por ela sem parar. Até aí, ok. Tentamos pegar em sentido contrário para ver se conseguíamos parar na London Bridge e então mudar para a nossa linha final. Mais uma vez, o trem não parou e, neste momento, começaram a avisar que a estação e imediações estavam fechadas pela polícia por questões de segurança. Do terceiro anúncio em diante já passaram a informar que havia acontecido um atentado na região.
[SAIBAMAIS]
Nós ficamos bastante impressionados com a notícia, mas não percebemos nenhum movimento diferente das pessoas que estavam ali também. O "interessante" é que no metrô, as pessoas sequer comentavam, só os funcionários que anunciavam que por questões de segurança algumas estações estavam fechadas....
Desembarcamos em uma estação mais próxima e estávamos decididos a concluir o trajeto de táxi, quando percebemos que, apesar de a estação estar em funcionamento, não era possível sair dela. Neste momento, fomos abordados por dois funcionários do metrô, que nos contaram que de fato teriam acontecido três atentados, que toda a região estava cercada e que a maneira mais segura de voltar para "casa" seria pelo subterrâneo (ou seja, pelo metrô). Depois de quase duas horas, conseguimos chegar, sãos e salvos! Na saída da estação, assim como no trajeto até o apartamento, vimos muitas pessoas na rua, mas ainda sem qualquer comentário a respeito. Somente entendemos a extensão do que aconteceu quando ouvimos o noticiário local. Até agora, não pararam os sobrevoos de helicóptero pela região..."