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Eleição britânica aumenta incerteza econômica

Para a economia britânica como um todo, os resultados dessa sexta-feira (9/6) reorientam as atenções para o caminho incerto que está por vir para o setor financeiro de Londres e para as empresas que têm um vínculo estreito com a União Europeia

Agência France-Presse
postado em 09/06/2017 15:35
Os mercados financeiros não gostam de incertezas, mas amanheceram nesta sexta-feira (9/6) ainda mais nebulosos depois que o Partido Conservador, da primeira-ministra Theresa May, perdeu a maioria no Parlamento britânico após as eleições antecipadas.


Investidores e analistas da City londrina dizem se sentir cansados, não só por terem passado uma noite em claro à espera dos resultados, mas sobretudo porque a segunda votação em um ano no Reino Unido deixou ainda mais dúvidas.

Para a economia britânica como um todo, os resultados dessa sexta-feira reorientam as atenções para o caminho incerto que está por vir para o setor financeiro de Londres e para as empresas que têm um vínculo estreito com a União Europeia.

"Esse é um momento sério para a economia do Reino Unido", define Carolyn Fairbairn, diretora-geral do grande grupo britânico CBI.

"A prioridade para os políticos precisa ser colocar a casa em ordem e formar um governo funcional, tranquilizando os mercados e protegendo nossa resiliente economia", disse Fairbairn em um comunicado.

"Os políticos devem agir de forma responsável, colocando os interesses de nosso país em primeiro lugar e mostrando ao mundo que o Reino Unido continua sendo um destino seguro para os negócios", acrescentou.

[SAIBAMAIS]A reação inicial ao resultado das eleições foi a desvalorização da libra. No entanto, isso impulsionou a Bolsa de Londres, na medida em que uma libra mais baixa eleva as receitas das multinacionais que operam no FTSE 100.

"Todo mundo está um pouco cansado", afirma Neil Wilson, analista do grupo ETX Capital. "Há muitas incertezas", justifica.


;Mercados não gostam de instabilidade;

Embora o Partido Conservador tenha conquistado o primeiro lugar nas eleições de quinta-feira, ele perdeu sua maioria parlamentar, e precisa agora garantir o apoio do Partido Unionista da Irlanda do Norte, com seus dez assentos, para governar.

May antecipou as eleições em abril na tentativa de ampliar a sua maioria e se fortalecer para as negociações do Brexit, mas seu jogo virou e desencadeou preocupações generalizadas entre os empresários.

"A City londrina deseja ver um governo seguro e eficiente formado o mais rápido possível", disse a presidente do partido Catherine McGuinness nesta sexta-feira.

"Os mercados não gostam de instabilidade. A confiança em nosso sistema político também é importante para a perspectiva de negociações exitosas do Brexit", acrescentou.

O líder da oposição Jeremy Corbyn, cujo Partido Trabalhista aparecia distante nas primeiras pesquisas eleitorais, sugeriu a May que ela deixe o governo depois de ter "perdido votos, perdido apoio e perdido a confiança".

"Acho que Corbyn foi muito subestimado", opinou Kevin Hector, um funcionário do banco suíço UBS na faixa dos 50 anos. "A questão agora é o futuro de Theresa May e obviamente o que parece ser uma rejeição ao Brexit radical".

O chamado Brexit "radical" (no inglês "hard") deixaria o Reino Unido do mercado único europeu, que engloba uma área de livre-comércio e ao mesmo tempo possibilita a livre circulação de pessoas.

"Provavelmente teremos uma versão flexível de Brexit, com uma transição mais suave", avalia Wilson da ETX.

A política ocidental tem tido surpresas desde o ano passado, com as vitórias eleitorais de Donald Trump nos Estados Unidos e de Emmanuel Macron na França e com a votação do Reino Unido pela saída da União Europeia.

"A economia britânica realmente tem se mantido bem nesses 12 meses após a votação pelo Brexit", afirmou Andy Baldwin, analista do grupo EY.

"Esse crescimento tem se sustentado pelo gastos dos consumidores e pelos empréstimos. Agora isso reduziu à medida que vimos um aumento da inflação e o aumento dos preços das importações. Portanto, o crescimento realmente deve ser impulsionado pelo investimento e pela confiança das empresas", explica.

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