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De pijama, com seu véu e enrolada em um cobertor, Hanan conseguiu salvar a família e encontrou refúgio em uma sala disponibilizada pelas autoridades para abrigar os sobreviventes. Mas ela não consegue parar de pensar no irmão, Abdelaziz El-Wahabi, a esposa dele, Faouzia, e seus filhos, que moram há quase 16 anos no 21; andar da torre construída em 1974. "Liguei para meu irmão quando saí para saber se estava bem. O fogo ainda não havia alcançado o topo do prédio. Ele disse que iriam descer. Depois ligamos novamente e disse que havia muita fumaça", explica Hanan.
Desespero
Hanan Wahabi contou que a torre passou por uma reforma no ano passado, especialmente nas janelas e sistema de calefação. "Temo que o material utilizado tenha piorado as coisas", disse, antes de apertar a garganta. "A fumaça afeta muito, ainda dói", disse.
Salah Chebiouni, 45 anos, que conseguiu sair do prédio, disse à AFP que o local cheirava a "plástico queimado". Ao falar sobre as obras recentes de reforma, afirmou: "Parecia metal, e eu pensei que haviam feito algo sólido. Na verdade era plástico". Também viu um menino pulando pela janela.
Eddie, 55 anos, estava no 16; andar quando o alarme de incêndio dos vizinhos foi acionado. "Pensei que estavam cozinhando", conta. Mas depois ele ouviu as pessoas gritando "fogo, fogo!', abriu a porta e "muita fumaça entrou no apartamento". "Um vizinho do quinto andar ligou e disse: ;Rápido, saia daí;. Coloquei uma toalha na cabeça, desci as escadas e procurei a saída de emergência". "Não a encontrei, mas um bombeiro me levou para a saída. Mais cinco segundos e estaria morto. Não se via nada".
Assassinato em massa
Eddie ficou feliz de ter escapado, mas ao mesmo tempo estava indignado. Há algum tempo escreveu em um blog que "seria necessário um incêndio catastrófico para que estas pessoas sejam consideradas responsáveis", em referência aos que alugam apartamentos. Uma sobrecarga da rede de energia elétrica quase nos matou em 2013", indicava em seu blog, no qual mencionou um "assassinato em massa" em gestação.
Outro morador da torre, Abdul Hamid, de 50 anos, contou à AFP que deveria viajar nesta quarta-feira a Arábia Saudita para a peregrinação à cidade sagrada de Meca. Estou bem, mas não me restou nada, nem passaporte, nem casa".