Agência France-Presse
postado em 21/06/2017 14:09
O autor do ataque terrorista à Estação Central de Bruxelas era um marroquino de 36 anos, segundo informações da justiça belga, segundo a qual foi evitada uma tragédia maior, pois a mala estava cheia de pregos e botijões de gás.
As autoridades encontraram indícios de que o autor do ataque na noite de terça-feira era simpático ao grupo radical Estado Islâmico (EI), segundo informou a polícia.
"Há indícios de que o suspeito tinha simpatia pela organização terrorista EI", indicou o porta-voz da polícia nacional belga, Eric Van Der Spyt, em um comunicado.
[SAIBAMAIS]Os investigadores ainda encontraram material usado em explosivos na casa do suspeito.
"Os resultados preliminares dos registros realizados na residência do suspeito O.Z. em Sint-Jans-Molenbeek indicam que ele provavelmente fabricou a bomba lá", explicou o comunicado de Van Der Sypt.
"Foram encontradas substâncias químicas e materiais que poderiam ter sido usados para fabricar explosivos", concluiu.
Identificado pelas iniciais O.Z., o autor do ataque foi baleado na cabeça por um soldado, depois de tentar detonar uma bomba feita de pregos.
"Poderia ter deixado vítimas, poderia ter sido muito pior", declarou o porta-voz da procuradoria federal, Eric Van der Sypt, acrescentando que havia cerca de dez passageiros ao redor do agressor quando ele ativou a carga explosiva. "Está claro que queria causar mais danos do que provocou", disse ainda.
A Bélgica, onde um atentado deixou 32 mortos em março de 2016, reviveu na terça-feira cenas de pânico, um dia depois que um homem atropelou muçulmanos perto de uma mesquita em Londres (um morto) e outro agressor morreu em um ataque fracassado em Champs Elysées, Paris.
"Foi evitado um atentado terrorista na Estação Central", situada perto da turística Grande Place, afirmou à imprensa o primeiro-ministro belga, Charles Michel, depois de uma reunião do Conselho de Nacional de Segurança. "Não nos deixaremos intimidar pelos terroristas", enfatizou.
O porta-voz disse que o homem não tinha ficha policial por atos relacionados ao terrorismo. A situação é "considerada uma tentativa de assassinato terrorista", completou.
De acordo com a Procuradoria Federal, o homem entrou às 20H39 (15H39 de Brasília) na Estação Central, onde caminhou na direção de um grupo de turistas cinco minutos depois.
"Pegou sua maleta aos gritos e provocou uma explosão parcial. Por sorte, não houve feridos", afirma um comunicado.
O homem abandonou a bagagem em chamas, que mais tarde registrou uma segunda explosão mais violenta, e seguiu para as plataformas em busca de um gerente de estação, completa o comunicado do Ministério Público. A maleta continha "pregos e cilindros de gás".
O homem, que não tinha um cinturão de explosivos, faleceu ao ser atingido por tiros de um soldado, contra o qual avançou aos gritos de "Alá Akbar" (Alá é grande), explicou a Procuradoria.
O domicílio do autor do ataque, no bairro de Molenbeek, foi alvo de uma operação durante a noite. Dessa localidade em Bruxelas procederam também pessoas vinculadas aos atentados de Paris, em novembro de 2015 (130 mortos) e Bruxelas meses depois.
Estação reaberta
O serviço de trens da Estação Central de Bruxelas, uma das maiores do país e onde cerca de 60.000 pessoas circulam todos os dias, voltou a funcionar na manhã desta quarta.
Depois da explosão, o serviço foi suspenso e a estação evacuada. "Houve um movimento de pânico da multidão, as pessoas começaram a correr pelos trilhos", contou Arnaud Reyman, porta-voz da Infrabel, a concessionária ferroviária.
Segundo Elisa Roux, porta-voz da SNCB, dezenas de pessoas foram evacuadas. "Havia pessoas chorando, gritando. Estavam sob um grande impacto", explicou.
A Bélgica, junto a outros países europeus como França e Reino Unido, tem sido alvo de uma série de atentados extremistas nos últimos anos.
Desde os atentados de Paris em novembro de 2015, reivindicado pela organização Estado Islâmico e realizado pela mesma célula que atacou, meses depois, Bruxelas, soldados patrulham as zonas mais frequentadas da capital.
As autoridades mantiveram o nível de alerta terrorista 3 em uma escala de 4, em um reforço das medidas de segurança em função do show da banda britânica Coldplay na noite desta quarta-feira em Bruxelas.