Agência France-Presse
postado em 30/06/2017 09:12
Genebra, Suíça - Cerca de meio milhão de sírios deslocados pelo conflito em seu país retornou para suas casas desde janeiro, a maioria em busca de familiares, ou para verificar o estado de suas propriedades - relatou a ONU nesta sexta-feira (30/6). O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) constata uma "tendência significativa de retorno espontâneo dos refugiados com destino à Síria em 2017".
Mais de 440 mil deslocados internos retornaram para casa, afirmou o porta-voz do Acnur, Andrej Mahecic, durante uma coletiva de imprensa. Além disso, cerca de 31 mil refugiados que fugiram para países vizinhos voltaram para a Síria no mesmo período, acrescenta a ONU.
Esse dado eleva para quase 260 mil o número de refugiados que retornou voluntariamente para a Síria desde 2015. A maioria havia fugido para a vizinha Turquia. Os refugiados estão retornando principalmente para Aleppo, Homs e Damasco e "são motivados, sobretudo, pelo desejo de procurar membros da família e verificar o estado de suas propriedades", explicou Andrej Mahecic. "Em alguns casos, seu retorno está ligado a uma melhoria real, ou percebida, das condições de segurança em partes do país", acrescenta.
Diante desses retornos crescentes, o Acnur começou a aumentar sua capacidade operacional na Síria, com o objetivo de elevar sua assistência no local junto com outros parceiros e organizações humanitárias. A agência também reforçou sua atividade de controle das fronteiras, visando a analisar os movimentos de refugiados e garantir que retornem de forma segura e voluntariamente para seu país.
O Acnur também ressalta que, apesar de as recentes negociações de paz em Astana e em Genebra oferecerem uma "crescente esperança", a verdade é que as condições para que os refugiados retornem para a Síria "de forma segura e digna ainda não são eficazes".
Desde a primavera de 2011, a guerra na Síria devasta o país, matando mais de 320 mil pessoas, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). O conflito envolve muitos atores locais (extremistas islâmicos, rebeldes moderados e o regime do presidente Bashar al-Assad), regionais e grandes potências, e muitas foram as atrocidades relatadas ao longo dos anos.
Cerca de 5 milhões de pessoas buscaram refúgio na região, segundo o Acnur. Rússia e Irã, países aliados do governo sírio, e Turquia, que apoia os rebeldes, adotaram em maio, em Astana, no Cazaquistão, um plano para criar zonas de segurança e conseguir estabelecer uma trégua durável em várias regiões. Esse acordo se traduziu em uma diminuição dos combates nas áreas em questão.