Agência France-Presse
postado em 30/06/2017 10:21
Londres, Reino Unido - A autoridade administrativa do bairro mais rico de Londres é alvo de críticas nesta sexta-feira (30/6) por ter exigido uma redução nos custos da reforma da torre Grenfell, onde ao menos 80 pessoas morreram em um incêndio em 14 de junho passado.
De acordo com e-mails obtidos pelo Times e pela BBC, em julho de 2014, a autoridade administrativa de Kensington e Chelsea pressionou a empresa responsável pela obra, a fim de obter "um bom preço" para a reforma do edifício de moradias populares.
Entre as três opções que permitiriam uma redução dos custos, a Kensington and Chelsea Tenant Management Organisation (KCTMO), organismo público que administra as habitações sociais para o município, menciona a possibilidade de usar painéis de alumínio - mais baratos, mas também menos resistentes ao fogo - em vez de zinco na fachada. A troca significaria uma economia de 293.000 libras (333.000 euros).
Compostos de placas de alumínio e de polietileno (plástico), os painéis da fachada da torre Grenfell são suspeitos de terem contribuído para a rápida propagação do fogo que destruiu o edifício durante a noite de 13 a 14 de junho.
Na segunda-feira (26/6), a empresa americana Arconic anunciou a descontinuação da venda desse revestimento para uso em arranha-céus. Suspeita-se que o material tenha sido utilizado em centenas de prédios no Reino Unido.
O governo britânico disse ter identificado 149 edifícios, 100% dos imóveis inspecionados até agora, que não cumprem as exigências para a prevenção de incêndios.
Já muito criticada por sua gestão da tragédia, a autoridade administrativa de Kensington e Chelsea também foi acusada de vetar os sobreviventes do incêndio e a imprensa de uma reunião de seu conselho municipal na quinta-feira (29).
"Na primeira oportunidade de dar respostas, o conselho decidiu banir os moradores e jornalistas. Isso ultrapassa o nosso entendimento, é uma loucura", criticou o prefeito de Londres, Sadiq Khan.
O opositor trabalhista Robert Atkinson denunciou um "fiasco" e pediu a renúncia do presidente do conselho, o conservador Nicholas Paget-Brown.
Já a primeira-ministra britânica, Theresa May, lamentou que o conselho tenha adiado a reunião de quinta-feira, depois que os moradores e jornalistas foram finalmente autorizados a entrar na sala após decisão judicial.
Ela estimou que o conselho deveria "ter respeitado a decisão" do Supremo Tribunal de Justiça, afirmou seu porta-voz.
Também na quinta-feira, May nomeou o ex-juiz do Tribunal de Recurso Martin Moore-Bick para dirigir o inquérito público sobre a tragédia.
No edifício calcinado, as operações de recuperação dos corpos devem continuar até o final do ano. Chega a pelo menos 80 o número oficial de mortos.