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Confrontos em Hamburgo antes de encontro entre Trump e Putin no G20

Cerca de 12 mil manifestantes participaram de protesto anticapitalista intitulado "Bem-vindos ao Inferno"

Agência France-Presse
postado em 06/07/2017 15:48
Protesto
A polícia dispersou, nesta quinta-feira (6/7), com bombas de gás e jatos de água milhares de manifestantes antiglobalização que saíram às ruas de Hamburgo, onde na sexta-feira começa a cúpula do G20 com o esperado primeiro encontro cara a cara entre Donald Trump e Vladimir Putin.


Os agentes decidiram se lançar contra a marcha de mais de 10.000 pessoas, muitas delas vestidas de preto e com toucas ninja, que responderam com pedras, garrafas e bombas.

Convocada com o lema "Welcome to Hell" ("Bem-vindos ao Inferno"), foi detida pela polícia quando tentava se aproximar do centro de convenções onde ocorre a cúpula.

O presidente americano, Donald Trump, aterrissou no meio da tarde nesta cidade do norte da Alemanha, onde na sexta-feira e no sábado irão se reunir os membros do G20 - 19 países mais a União Europeia -, um fórum internacional das principais economias industrializadas e emergentes.

Trump vinha da Polônia, onde reiterou o seu apoio à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e advertiu que a "nossa civilização ocidental" está em jogo.

"Pedimos à Rússia que acabe com as suas atividades desestabilizadoras na Ucrânia e em outros lugares", afirmou Trump em seu discurso em Varsóvia, uma crítica incomum à Rússia.

Moscou não vê com bons olhos a expansão da Aliança Atlântica até as suas fronteiras.

As relações entre a Casa Branca e o Kremlin se complicam também pelas acusações de que a Rússia interferiu nas eleições presidenciais americanas de 2016 e pelas possíveis conexões russas com pessoas do entorno de Trump.

"Acredito perfeitamente que possa ter sido a Rússia [que influenciou as eleições]. Acho que também pode haver outros países", disse Trump em Varsóvia.

O encontro com seu homólogo russo será fundamental na evolução dos conflitos na Ucrânia e na Síria.

"A segunda visita à Europa pode ser resumida em uma palavra: Putin", assinala o analista do German Marshall Fund of the United States Derek Chollet, que assegura que ambos os líderes não gostam de perder e "se sentem mais confortáveis com a intimidação".

Isolamento

Trump iniciou a sua viagem europeia pela Polônia, país amigo cujos dirigentes conservadores compartilham muitas de suas ideias.

Uma primeira etapa fácil antes do G20, onde poderá ficar isolado diante de outros líderes em questões globais como o clima e o livre-comércio.

"Naturalmente não vamos esconder as nossas diferenças, ao contrário, vamos chamá-las pelo nome, porque há divergências de opinião em algumas questões essenciais", disse nesta quinta-feira a chanceler alemã, Angela Merkel.

O clima é um dos grandes desacordos de inúmeros países com a nova administração de Washington. Além disso, suas posições protecionistas também são questionadas, sobretudo na Europa.

A questão norte-coreana também será colocada sobre a mesa, agravada pelo lançamento na terça-feira de um míssil intercontinental.

"Peço a todas as nações que enfrentem esta ameaça global e demonstrem publicamente à Coreia do Norte que há consequências por seu comportamento muito, muito ruim", declarou Trump em Varsóvia, assegurando que estuda medidas "bastante severas".

Em Hamburgo os líderes mundiais terão que lidar com um ambiente de tensão.

A manifestação desta quinta foi convocada pela autodenominada "aliança autônoma anticapitalista" e é apenas a primeira das que estão previstas na cidade pelo G20.

À frente da marcha, um grande cartaz pedia para "esmagar o G20" ("smash G20"). No sábado está prevista outra grande manifestação convocada por grupos de extrema-esquerda.

As autoridades enviaram a Hamburgo cerca de 20.000 policiais que saíram de toda a Alemanha como medida antiterrorismo e para evitar a violência nas cerca de 30 manifestações convocadas.

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