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Venezuela: dois mortos e dezenas de feridos em mais um dia de tensão

Em meio a uma severa crise econômica e política política, a Venezuela vive há 101 dias uma onda de protestos que deixou 93 mortos


Em meio a uma severa crise econômica e política política, a Venezuela vive há 101 dias uma onda de protestos que deixou 93 mortos. "Condenamos a morte de outro jovem manifestante na Venezuela. Apenas a democracia acabará com a violência contra o povo", escreveu no Twitter o secretário-geral da OEA, Luis Almagro.

;Não queremos uma Síria;
O governo afirma que nada atrapalhará a Constituinte, cujos 545 integrantes serão eleitos no dia 30 de julho. Em todos os estados do país, milhares de apoiadores, vestidos de vermelho, participaram na segunda-feira de atos de campanha.

"Não queremos mais guerra, não queremos uma Síria. Podemos estar chateados com revolução por certas coisas que não estão funcionando, mas todo o povo chavista tem que votar", disse Steven Márquez, em um desses atos. Em outra concentração, a esposa de Maduro, Cilia Flores, candidata à Constituinte, assim como o filho do presidente, criticou "os loucos" que "se empenham em fechar as ruas e falam de democracia".

"Quem não quer a paz são os loucos, os irracionais, os fascistas, um grupinho muito pequeno, mas que causa muitos danos. A Constituinte trará paz", disse a primeira-dama. Maduro assegura que com a Constituinte, um supra poder que regirá o país por tempo indeterminado, trará a estabilidade política e econômica.



Em uma conversa telefônica, Maduro informou ao presidente russo, Vladimir Putin, seu aliado, sobre "os esforços" para chegar à "normalização da situação política" na Venezuela, segundo o Kremlin. De acordo com o instituto de pesquisa Datanálisis, cerca de 70% dos venezuelanos não concordam com a Constituinte, e 80% rejeitam o governo do presidente socialista.

;Estamos mais perto;
Animados com a transferência de Leopoldo López da prisão, após três anos e cinco meses, para cumprir pena domiciliar, os opositores dizem que continuarão nas ruas contra a Constituinte, pela libertação plena de 431 "presos políticos" que dizem haver na Venezuela e pela saída de Maduro.

"Vou continuar na rua. Agora que estamos mais perto não podemos parar. Espero que no domingo o país inteiro não tenha medo e se mova contra essa Constituinte com a qual Maduro quer o poder absoluto. A Venezuela será uma Cuba", declarou à AFP Yoleima Zambrano, de 50 anos, enrolada em uma bandeira nacional.

Na segunda-feira à noite foram registrados distúrbios no centro e oeste de Caracas, assim como na cidade de Cabudare, estado de Lara (oeste).

A oposição garante que os resultados do plebiscito serão o "marco zero" de manifestações simultâneas e maciças em todo o país, sem descartar uma greve geral. Chavistas críticos ao governo, incluindo vários ex-ministros do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013), expressaram no último domingo sua rejeição à Constituinte e consideraram "legítima" a consulta opositora.

A procuradora-geral, Luisa Ortega, figura mais forte do chavismo a se opôr à Constituinte, garante que essa iniciativa destruirá o legado de Chávez e violenta a democracia porque não se perguntou em plebiscito se os venezuelanos gostariam de mudar sua Carta Magna.

Até quarta-feira (12/7), o Tribunal Supremo de Justiça (TJS) decidirá se processará Ortega. Uma destituição da procuradora - chamada de "traidora" por Maduro - desataria outra chuva de críticas contra o governo, após a tormenta da semana passada pela invasão de um grupo chavista no Parlamento. O MP acusou por suposta violação dos direitos humanos o comandante militar responsável pela segurança do Congresso.