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Protagonistas russos no caso dos e-mails de Donald Trump Jr. respondem

O encontro entre o filho de Donald Trump e uma advogada russa aumenta as especulações sobre a possível interferência da Russia nas eleições americanas

Agência France-Presse
postado em 12/07/2017 14:43
Os principais protagonistas russos no caso dos e-mails de Donald Trump Jr., filho do presidente americano, desmentem ter participado de uma operação para propôr à equipe de campanha do republicano informações comprometedoras para desacreditar Hillary Clinton.
Em e-mails trocados em junho de 2016 com Donald Trump Jr., o britânico Rob Goldstone assegurava que podia ajudar a equipe de Trump a desacreditar a sua rival democrata com documentos russos comprometedores, fornecidos por Yuri Chaika, o poderoso procurador-geral da Rússia.

Goldstone, ex-jornalista, agente de artistas e amigo da família Trump, assegurava ter sido contactado por Emin Agalarov, cantor russo cujo pai, Aras, é um milionário que fez fortuna com as obras públicas e o setor imobiliário.

[SAIBAMAIS]Durante uma reunião com Aras Agalarov, Yuri Chaika ofereceu os serviços da Rússia, segundo as palavras de Rob Goldstone.

"Evidentemente são informações de muito alto nível e muito sensíveis, mas é parte do apoio da Rússia e de seu governo ao senhor Trump", escreveu Goldstone. "Se é o que me diz, gostaria", respondeu Trump Jr.

Quarenta e oito horas depois, a resposta dos assinalados é preparada.

"São invenções! Não sei quem inventou [as informações] nem o que Hillary tem a ver com isso", declarou Aras Agalarov em entrevista à rádio russa Business FM.

Também desmentiu ser amigo de Rob Goldstone. "Não o conheço realmente. Trabalhou com Emin durante um tempo como gerente, fazia propaganda nos Estados Unidos ou algo assim", declarou.

Aras Agalarov afirmou que não conhecia o filho mais velho de Donald Trump. "Emin é quem o conhece, não eu. Havíamos organizado o concurso do Miss Universo juntos e nessa época fizemos contato", explicou.

A edição do Miss Universo a qual se referia foi organizada por Donald Trump em Moscou em 2013, em uma casa de espetáculos gerida pela Crocus Group, uma holding de Agalarov.

Foram publicadas muitas fotos do atual presidente americano e do milionário se abraçando e, inclusive, Trump apareceu em um videoclipe de Emin Agalarov.

Ao publicar esses e-mails, o filho mais velho de Trump também admitiu ter se reunido com uma advogada russa, Natalia Veselnitskaya, apresentada por Goldstone como uma "advogada do governo russo".

Em entrevista à emissora de televisão americana NBC, ela negou qualquer tipo de relação com o Kremlin.


O caso Magnitski

O Kremlin se viu obrigado a se defender assegurando que "nunca esteve em contato" com Veselnitskaya e qualificou como "absurdo" o fato de que o filho de Trump pudesse considerá-la uma emissária do presidente Vladimir Putin ou do governo russo.

Veselnitskaya, de 42 anos, é advogada da empresa Prevezon Holdings, de Denis Katsyv, filho de Piotr Katsyv, vice-presidente da Companhia Ferroviária russa (RJD) e ex-responsável de alto escalão da região de Moscou.

Em junho de 2016, a Prevezon Holdings foi julgada nos Estados Unidos por lavagem de dinheiro pelo caso Magnitski.

Uma lei dos Estados Unidos que leva o nome deste advogado - que morreu na prisão após ter denunciado um escândalo financeiro na Rússia - prevê sanções econômicas contra funcionários russos suspeitos de estarem envolvidos em sua morte.

Em represália, Moscou adotou uma lei que proíbe a adoção de crianças russas por cidadãos americanos. Veselnitskaya fez pressão na Europa e nos Estados Unidos contra as sanções ocidentais impostas à Rússia pelo caso Magnitski.

Segundo Donald Trump Jr., a advogada queria falar com ele sobre a Lei Magnitski e a adoção de menores de idade.

Veselnitskaya declarou à NBC que seus interlocutores nesta reunião "queriam realmente" informações sobre Hillary Clinton que ela não podia fornecer.

Como procurador-geral da Rússia, o próprio Yuri Chaika se viu envolvido no caso Magnitski. Em dezembro de 2015, o opositor Alexei Navalny acusou seus filhos de terem acumulado ilegalmente uma grande fortuna aproveitando a autoridade de seu pai.

O procurador-geral russo afirmou então que esse documentário havia sido patrocinado pelo britânico de origem americana Bill Browder, chefe do fundo de investimentos Hermitage Capital, onde trabalhava Serguei Magnitski.

Em plena polêmica, Agalarov saiu em auxílio de Chaika fazendo com que uma tribuna aparecesse no jornal Kommersant.

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