Agência Estado
postado em 17/07/2017 13:14
O Reino Unido e a União Europeia recomeçaram as negociações da saída britânica do bloco europeu, processo conhecido como Brexit, nesta segunda-feira (17/7), com uma sessão de conversas de quatro dias sobre um conjunto de questões que a UE deseja que sejam resolvidas antes que as discussões se voltem para um acordo comercial futuro.
O secretário britânico para o Brexit, David Davis, e o principal negociador da UE, Michel Barnier, voltaram à mesa de negociações em Bruxelas pela primeira vez desde a abertura oficial das conversas, em 19 de junho, com foco nos direitos dos cidadãos do Reino Unido e da UE no pós-Brexit e quanto Londres deve pagar para cobrir os compromissos financeiros pendentes do Reino Unido para o bloco.
Os dois lados também devem discutir como gerenciar a fronteira do Reino Unido com a Irlanda após a retirada, prevista para março de 2019.
[SAIBAMAIS]A UE insiste que é necessário avançar nessas e em outras questões de separação antes de considerar discutir os laços econômicos futuros com o Reino Unido, destacando o desafio de concordar com uma solução de longo alcance sobre o Brexit dentro dos 18 meses restantes para as conversas.
"Nós fizemos um bom começo no mês passado, e como Michel disse, agora estamos entrando no fundo da questão", disse Davis, acrescentando que é "tempo para trabalhar e fazer uma negociação bem-sucedida". Barnier afirmou que ele e Davis permanecerão em contato ao longo da semana, à medida que suas equipes começarem a trabalhar e se reunirão novamente para "fazer uma balanço" na quinta-feira.
Na semana passada, Barnier comentou que há grandes diferenças em pontos-chave. O Reino Unido propôs oferecer aos cidadãos da UE um "status estabelecido" que confere muitos, mas não todos os direitos existentes aos cidadãos britânicos, bem como um caminho para a cidadania britânica. Existem cerca de 3 milhões de cidadãos da UE em solo britânico e mais de 1 milhão de cidadãos do Reino Unido que vivem nos outros 27 Estados-membros do bloco europeu.
Apesar de tais diferenças, os analistas dizem que os dois lados devem conseguir um acordo sobre os direitos dos cidadãos, mas um desacordo muito maior ocorre em relação ao setor financeiro.
O secretário de Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, rejeitou demandas da UE, afirmando que algumas eram "exorbitantes". No entanto, o governo britânico admitiu, em uma declaração escrita ao Parlamento, que o Reino Unido está preparado para fazer uma "solução justa" com a UE e que ela ainda pode continuar fazendo pagamentos, mesmo após a retirada. "O dinheiro claramente será a tempestade na primeira fase das negociações", disse Mujtaba Rahman, diretor-gerente do Eurasia Group.
As negociações ocorrem em meio a novos sinais de disputa entre importantes políticos britânicos em relação às prioridades políticas no país, acrescentando sinais de instabilidade no governo da premiê Theresa May, depois que um resultado ruim nas eleições de junho custou ao Partido Conservador a maioria absoluta no Parlamento e minou a autoridade de May.