Agência France-Presse
postado em 19/07/2017 18:28
A oposição venezuelana descartou uma "caça às bruxas" contra o chavismo, caso consiga tirá-lo do poder, ao delinear nesta quarta-feira (19/7) o que seria sua bússola de governo.
A coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) consignou em um documento o seu "compromisso sagrado de respeitar aqueles que pensam politicamente diferente" e, por isso, "nunca haverá retificação, discriminação e nem perseguição".
"Não haverá perseguição ou caça às bruxas, mas tampouco pode-se pensar que os violadores dos direitos humanos fiquem livres", assinalou Freddy Guevara, vice-presidente do Parlamento, em um ato no qual foi apresentado o chamado "compromisso unitário para a governabilidade".
A MUD é integrada por cerca de 30 partidos que abarcam um amplo espectro ideológico.
O acordo entre esses grupos foi anunciado durante a ofensiva final da MUD para conseguir a saída do poder de Nicolás Maduro.
Para quinta-feira foi convocada uma greve cívica de 24 horas e não se descarta uma greve geral indefinida.
O ministro do Trabalho, Néstor Ovalles, advertiu nesta quarta que as empresas que decidirem se unir à greve serão sancionadas.
"Há sanções estabelecidas no ordenamento jurídico [...]. Um fechamento que não esteja ajustado ao procedimento da lei acarreta sanções", declarou Ovalles à emissora estatal VTV.
A aliança opositora realiza essa estratégia depois do plebiscito simbólico, no domingo passado, em que 7,6 milhões de pessoas votaram contra a Assembleia Constituinte, segundo seus organizadores.
A chamada "hora zero" quer evitar a eleição dos legisladores da Constituinte, prevista para 30 de julho.
No roteiro, a coalizão concordou também que o seu candidato para as presidenciais - marcadas para dezembro de 2018, mas que acreditam deva ser antecipada - será escolhido em primárias e se comprometerá a não buscar a reeleição.
Também determinou que o seu eventual governo será de "natureza civil, como estabelece a Constituição", e tentará "recuperar a independência e a institucionalidade da Força Armada", assinalou o deputado Henry Ramos Allup, que leu o acordo.
O cientista político Freddy Rincón opinou que esse documento é uma "operação política" da MUD para se apresentar como alternativa confiável em um momento de fraqueza do governo.