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Israel endurece medidas em Jerusalém e confrontos deixam 3 mortos

Desde domingo, os palestinos denunciam a instalação de detectores de metal nas entradas do lugar santo, decidida por Israel depois do ataque contra policiais israelenses em 14 de julho, perto desse mesmo local

"Um palestino morreu por disparos no coração", disse o Ministério da Saúde palestino, explicando que o incidente aconteceu em Abu Dis, na Cisjordânia ocupada.

Pouco antes, a mesma fonte anunciou a morte de outras duas pessoas em circunstâncias parecidas, uma no bairro de Ras al-Amud (perto da Cidade Velha de Jerusalém) e outra na zona de A-Tur (Jerusalém Oriental).

O Crescente Vermelho palestino informou sobre 391 feridos em Jerusalém e na Cisjordânia enquanto a polícia israelense anunciou um total de 29 prisões nas duas áreas.

A Polícia israelense proibiu que homens com menos de 50 anos entrem na Cidade Antiga de Jerusalém e na Esplanada das Mesquitas, impedindo que participem da tradicional oração muçulmana semanal.

"A entrada na Cidade Velha e no Monte do Templo (Esplanada das Mesquitas para os muçulmanos) fica limitada aos homens de 50 anos, ou mais, e às mulheres de qualquer idade", anunciou a Polícia, em um comunicado.

Em resposta, o presidente palestino, Mahmud Abbas, anunciou o congelamento das relações com Israel até que essas medidas sejam suspensas.

"Em nome da direção palestina anuncio um congelamento de todos os contatos com o Estado ocupante a todos níveis até que Israel se comprometa a anular todas as medidas contra nosso povo palestino em geral e em Jerusalém, e na mesquita Al-Aqsa em particular", declarou Abbas a jornalistas.

Durante o dia, centenas de pessoas protestaram, rezando na rua, perto da entrada da Cidade Velha.

Um grupo de pessoas, incluindo líderes muçulmanos, começou a caminhar para a entrada, mas foi contido pela Polícia, que recorreu ao uso de gás lacrimogêneo. Alguns palestinos responderam lançando pedras e outros objetos.

[SAIBAMAIS]A Esplanada das Mesquitas, onde estão o Domo da Rocha e a mesquita Al-Aqsa, fica na Cidade Antiga de Jerusalém, setor palestino da Cidade Santa. Sua anexação por parte de Israel nunca foi reconhecida pela comunidade internacional.

Desde domingo, os palestinos denunciam a instalação de detectores de metal nas entradas do lugar santo, decidida por Israel depois do ataque contra policiais israelenses em 14 de julho, perto desse mesmo local.

A medida trouxe de volta o temor dos palestinos de que Israel tome o controle exclusivo do terceiro lugar santo do Islã, também venerado pelos judeus, que o chamam de Monte do Templo.

Desde então, os palestinos decidiram não ir à Esplanada e fazer suas orações na Cidade Antiga.

Confrontos diários

Nesta semana, houve confrontos quase diários com a polícia israelense. Prevista para meio-dia e tradicionalmente reunindo milhares de fiéis, a grande oração de sexta-feira pode dar lugar a mais tumulto.

Nos últimos dias, a imprensa israelense informou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu cogitava a possibilidade de retirar os detectores para evitar incidentes. Após consultar as forças de segurança e seu gabinete, Netanyahu decidiu manter o procedimento.

O gabinete de segurança "deu à Polícia a autoridade para tomar as decisões necessárias para permitir o livre acesso aos lugares santos, garantindo - ao mesmo tempo - a segurança e a ordem pública", declarou uma autoridade israelense nesta sexta-feira.

Status quo

A polícia israelense disse ainda que reforçou seus efetivos na Cidade Antiga com unidades "mobilizadas em todos os setores e bairros". Ontem, o Exército garantiu o envio de cinco batalhões extras à Cisjordânia ocupada para conter possíveis distúrbios.

Em Jerusalém Oriental, Israel controla os acessos à Esplanada das Mesquitas, local que, há décadas, cristaliza as tensões entre israelenses e palestinos. A Jordânia é responsável pela gestão do local.

Em diferentes ocasiões, Israel disse não ter a intenção de modificar as regras tácitas do atual status quo, o qual estabelece que os muçulmanos podem ir à Esplanada a qualquer hora. Também autoriza os judeus a ingressarem a determinadas horas do dia sem pode rezar.

"Israel se compromete a manter o status quo no Monte do Templo e a liberdade de acesso aos lugares santos", frisou uma autoridade do governo israelense nesta sexta-feira.

Um agressor entrou nesta sexta-feira em uma colônia da Cisjordânia ocupada e matou dois civis israelenses a facadas e feriu outros dois, informou o Exército em um comunicado, sem dar mais detalhes.