Agência France-Presse
postado em 24/07/2017 08:26
Jared Kushner, genro e assessor próximo do presidente americano, Donald Trump, insistiu nesta segunda-feira (24/7) que não manteve contatos inadequados com autoridades russas durante a campanha presidencial do ano passado, após uma audiência com o comitê do Senado que investiga um possível conluio da equipe de Trump com a Rússia.
"A gravação e os documentos que eu, voluntariamente, forneci mostrarão que todas as minhas ações foram corretas e ocorreram no curso normal dos eventos de uma campanha excepcional", declarou Kushner.
Antes da audiência, o empresário entregou à imprensa um comunicado descrevendo os contatos com o embaixador russo nos Estados Unidos, Sergei Kislyak, e com outros funcionários russos como algo normal em seu papel de mediador da campanha do então candidato Trump com os governos estrangeiros.
"Deixem-me esclarecer: eu não estive em conluio com a Rússia e não sei de ninguém da campanha que tenha feito isto. Não mantive nenhum contato inadequado", ressaltou ao falar com os repórteres após a audiência a portas fechadas com o Comitê de Inteligência do Senado.
[SAIBAMAIS]"Donald Trump passou uma mensagem melhor, executou uma campanha mais inteligente, e por isso ele venceu. Sugerir qualquer outra coisa é ridicularizar quem votou nele".
"O caso russo" assombra o governo de Donald Trump desde que o republicano chegou à Casa Branca, em razão das suspeitas de conluio de membros de sua equipe mais próxima. Alguns omitiram os contatos que tiveram com autoridades russas ao longo da campanha presidencial.
A ambiguidade de Trump sobre essa questão também tem fragilizado a defesa de seus colaboradores.
Nesta segunda, Kushner também negou qualquer indício de que tenha "usado fundos russos" como magnata imobiliário de Nova York.
"Fui totalmente transparente ao fornecer as informações solicitadas", afirmou Kushner, que raramente fala em público.
Jared Kushner - que é o marido de Ivanka Trump, filha do presidente e também uma das conselheiras do pai na Presidência - também deve depor na terça-feira diante de uma comissão da Câmara de Representantes.
No documento à imprensa, além de reconhecer os encontros com o embaixador russo e outros funcionários, Kushner admitiu ter encontrado um banqueiro russo, Sergei Gorkov, considerado um homem próximo do presidente Vladimir Putin.
De toda forma, assegurou que em nenhum encontro discutiu as sanções americanas contra Moscou.
O genro de Trump também menciou o encontro, em plena campanha eleitoral, com a advogada russa Natalia Veselnitskaya, um caso que provocou grande polêmica.
De acordo com as partes envolvidas, os dois discutiram apenas a lei que veta a adoção de crianças russas por famílias americanas.
Contudo, segundo e-mails do filho mais velho de Trump, Donald Jr, o comitê de campanha esperava receber de Veselnitskaya informações comprometedora sobre a rival de seu pai, Hillary Clinton.
Desde maio, uma equipe independente de investigadores liderada pelo promotor especial e ex-diretor do FBI Robert Mueller tenta determinar se existem ligações entre a suposta ingerência da Rússia na última eleição americana e ex-responsáveis pela campanha de Donald Trump, membros de sua família e, talvez, o próprio presidente.
O Senado e a Câmara dos Deputados conduzem investigações separadas sobre o caso.
Quanto ao filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr., e ao ex-gerente de campanha Paul Manafort, ambos estão negociando com a Comissão de Justiça do Senado para dar suas versões dos acontecimentos.
Trump Jr. e Manafort negociam sobre fornecer à comissão qualquer documento relacionado aos contatos com a Rússia e tentam definir os parâmetros de seu testemunho perante a comissão. Inicialmente, o depoimento deve ser em privado, antes de qualquer audiência pública, segundo dois funcionários da comissão - o republicano Chuck Grassley e a democrata Dianne Feinstein.
Uma audiência sobre a Rússia será realizada na quarta-feira (26/7) nesta comissão, mas a participação de ambos, que foram convidados, não foi confirmada. A comissão se reserva o direito de lançar intimações para obrigá-los a testemunhar.