Agência France-Presse
postado em 28/07/2017 14:48
Milhares de palestinos se aglomeravam nesta sexta-feira (28/7) nos acessos à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém para rezar, após a polícia israelense proibir o acesso de homens com menos de 50 anos.
A primeira vítima tentou atacar soldados israelenses na Cisjordânia ocupada, segundo o Exército. A segunda, um adolescente, foi morta por disparos israelenses em confrontos na Faixa de Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde do enclave palestino, controlado pelo movimento Hamas.
Na Esplanada das Mesquitas a situação voltou quase ao normal depois que as autoridades religiosas palestinas anunciaram o fim do boicote.
Mas, com medo que a grande oração semanal acabasse em violência, as autoridades israelenses proibiram a entrada de homens com menos de 50 anos.
[SAIBAMAIS]Foi observado que a Porta do Leões, que dá acesso tanto à Cidade Velha como à Esplanada, terceiro lugar santo do Islã que os muçulmanos chamam de Nobre Santuário, era forçada por algumas pessoas.
Na noite desta sexta-feira todas as portas de acesso à Esplanada estavam abertas e as restrições de idade retiradas, indicaram um responsável do Waqf, organismo que administra os bens muçulmanos, e o porta-voz da polícia israelense.
Um jornalista da AFP constatou que jovens palestinos entravam livremente na Esplanada.
Também foram registrados confrontos na Cisjordânia ocupada, em particular em Naplusa, Belém e Hebron, segundo o Exército israelense.
No total, 225 palestinos ficaram feridos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, segundo o Crescente Vermelho palestino.
Algumas ruas da Cidade Velha de Jerusalém foram fechadas e 3.500 policiais enviados ao setor.
Pressão
A Esplanada das Mesquitas foi fechada em 14 de julho após a morte de dois policiais israelenses. Tel Aviv decretou a instalação de polêmicas medidas de segurança, o que provocou o boicote dos fiéis muçulmanos, para ao fim acabar revogando-as.
Os confrontos entre manifestantes e forças de segurança israelenses deixaram desde então seis mortos e centenas de feridos do lado palestino. Três colonos israelenses também foram esfaqueados na Cisjordânia por um palestino.
Desde outubro de 2015, Israel e os Territórios Palestinos estão afundados em uma onda de violência que matou 292 palestinos, 44 israelenses, dois americanos, dois jordanianos, um eritreu, um sudanês e uma britânica, segundo uma contagem da AFP.
Israel, pressionado pela comunidade internacional, retirou na terça-feira os detectores de metal e depois, na quinta-feira, os últimos elementos do novo dispositivo de segurança.
As autoridades políticas e religiosas muçulmanas pediram na quinta-feira que os palestinos voltassem a rezar em Al-Aqsa, uma das mesquitas situadas no local.
Mas pouco depois da entrada de milhares de fiéis muçulmanos para a oração da tarde começaram os confrontos com as forças de segurança israelenses.
Segundo a Anistia Internacional, as forças de segurança dispararam "bombas de efeito moral, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha em uma multidão pacífica" na entrada do local.
A polícia israelense indicou que os palestinos lançaram pedras na direção dos oficiais, o que provocou a sua resposta.
Nesta sexta-feira foi organizada em Teerã uma manifestação de apoio aos palestinos.
"O fracasso de Bibi"
A retirada dessas medidas foi percebida pela imprensa israelense como um fracasso para Netanyahu, que as havia ordenado e se viu forçado a voltar atrás por medo de que a espiral de violência se tornasse incontrolável.
"O grande fracasso de Bibi", era a manchete do jornal "The Jerusalem Post", geralmente favorável ao primeiro-ministro, usando seu apelido.
Israel justificou as medidas de segurança afirmando que os agressores dos dois policiais haviam escondido suas armas na Esplanada.
Já os palestinos encararam a decisão de Israel como uma tentativa de reforçar seu controle sobre o local.
Israel controla as entradas do recinto, mas a sua gestão está nas mãos da Jordânia. Os muçulmanos podem entrar a qualquer hora e os judeus em determinados horários, e sem poder rezar